[Resenha] O amor nos tempos do ouro - Marina Carvalho


"Sabes que nunca me apaixonei, maman, mas se porventura o tivesse feito, seria por alguém como ele?"
Cécile Lavigne perdeu todos os que amava e agora está sozinha no mundo. Ela, uma franco-portuguesa que ainda não completou vinte anos, está sendo trazida ao Brasil pelo único parente que lhe restou, o ambicioso tio Euzébio, para casar-se com o mais poderoso dono de terras de Minas Gerais, homem por quem Cécile sente profundo desprezo. Após desembarcar no Rio de Janeiro, Cécile ainda precisará fazer mais uma difícil viagem. O trajeto até Minas Gerais lhe reserva provações e surpresas que ela jamais imaginaria. O explorador Fernão, contratado por seu futuro marido para guiá-la na jornada, despertará nela sentimentos contraditórios de repulsa e de desejo. Antes de enfim consolidar o temido casamento, Cécile descobrirá todos os encantos e perigos que existem nessa nova terra, assim como os que habitam o coração de todos nós. Com o passar dos dias, crescerá dentro dela a coragem para confrontar todas as imposições da sociedade e também o seu próprio destino.

Editora/Ano: Globo Alt/2016
Categoria: romance de época, nacional

* Livro cedido pela Globo Alt para resenha 


Olá pessoal, tudo bem?

Hoje temos a resenha de O amor nos tempos do ouro, um lindo romance de época nacional, ambientado no Brasil Colonial. Quando a Globo Alt entrou em contato oferecendo o livro, eu me senti muito honrada e feliz, pois boa parte da trama se passa no meu estado, Minas Gerais, e era um livro que prometia retratar um pouco da nossa história, o que não é tão comum de encontrar. Só posso dizer que o livro foi ainda melhor do que eu esperava!

Cécile Lavigne é uma jovem francesa, filha de um francês com ideias liberais e uma portuguesa aparentada com a nobre família de Bragança. Após a perda dos pais e irmãos em um terrível acidente, a jovem se vê obrigada a se mudar para o Brasil, onde vivia Euzébio, o irmão de sua mãe, que se tornou seu tutor. Euzébio era um homem muito ambicioso e nem piscou antes de oferecer a sobrinha em casamento para o inescrupuloso e cruel Euclides, um dos maiores senhores de terra e escravos das Minas Gerais, um homem que representava tudo que Cécile desprezava e odiava no mundo.

Para acompanha-la na perigosa travessia do Rio de Janeiro até as Minas Gerais, seu noivo contratou o explorador Fernão, um homem rústico, que enriqueceu com a exploração das terras, além de alguns trabalhos para ricos proprietários. A travessia foi conturbada, com problemas de ordem natural e o constante medo de ataque de indígenas, mas serviu para aproximar Cécile e Fernão, e mostrar ao rústico explorador que a jovem não tinha nada de menininha mimada que estava se vendendo a um rico casamento por interesse. Na verdade, o interesse era do noivo e do tio dela, de botar as mãos na enorme herança da menina.

Após sua chegada às propriedades do noivo, Cécile se confronta com o que há de pior na natureza humana: a brutal escravização de outros seres humanos, com a qual ela não concordava e para a qual não aceitava justificativas (mesmo que naquela época houvesse justificativa da própria Igreja, para a escravização dos africanos).

Em que argumentos os brancos se pautavam para escravizar os africanos? Por que eles acreditavam ser melhores do que os negros? Para nenhuma delas a escravidão fazia o menor sentido.
Pág. 174

Não vou me alongar nos acontecimentos, pois a partir da chegada de Cécile a seu destino muita coisa acontece e foi emocionante acompanhar.

Cécile é uma pessoa muito justa e descente, que apesar do sofrimento causado pela perda de todos a quem amava, não se quebrou. Ela acredita que todos os humanos são iguais, e não compactua com a escravidão. É corajosa e não se importa de se colocar em risco para proteger os menos favorecidos. Já Fernão é o filho de um bandeirante português que morreu pouco após chegar ao Brasil. Ele é um homem rústico e nobre, embora nem sempre o tenha sido assim, e se arrependa de muitos atos antigos. Mantém boas relações com os escravos, índios, além dos quilombolas, de quem conta com proteção quando necessário. O romance entre os dois foi muito bem construído e super fofo.

Além dos dois, outros papeis de destaque são o horrível Euclides e seu filho mimado, Henrique; os escravos Hansan e Akin (esse é super fofo!), que se tornam amigos de Cécile, e se surpreendem sempre com o carinho e preocupação demonstrado pela francesa; e a escrava Malikah.

Em cada página, cada costume retratado, cada menção a figuras históricas reais, fica claro o cuidado e profundidade da pesquisa histórica que Marina fez para escrever esse livro. Isso tornou O amor nos tempos do outro um livro lindo, ricamente contextualizado e que retrata bem o Brasil colonial da Era do Ouro, sem se tornar um livro histórico maçante. Ouso dizer que Marina encontrou seu gênero literário ideal, pois senti muito mais propriedade e segurança em sua escrita aqui, do que nos chick lits que li da autora.

A escrita é em terceira pessoa, e a linguagem adotada é formal, sem ser difícil. Intercalando os capítulos em terceira pessoa, há algumas passagens do diário de Cécile e cartas de Fernão, escritas em primeira pessoa. Há pequenos poemas de grandes autores clássicos brasileiros e portugueses, no início de cada capítulo.

A diagramação está impecável, da capa linda e singela, até os detalhes em arabesco em algumas passagens do livro. A revisão foi muito bem feita, e se havia erros, não percebi.

Esse é um livro que recomendo para todos. Mesmo as pessoas que não são muito fãs de romances de época deviam conferir, afinal, são poucos os livros do gênero que se passam aqui mesmo, no Brasil.

Beijos

9 comentários

  1. nossa, quero ler esse livro. nunca li um romance de época que se passa aqui no Brasil (os nossos clássicos não contam, né?). Bom saber que o livro ficou bem feito e bem escrito
    bjs

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  2. por ser ambientado no Brasil se diferenciou um pouco dos demais do gênero... mas eu não costumo ler romances de época, não gosto :(
    a capa dele é bem bonita, mas pelo enredo em si, achei meio clichê [exceto o diferencial da ambientação...]

    bjs...

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  3. Adorei a premissa desse livro!! Amo livros de época, principalmente, se forem feitos com pesquisa e dados históricos como aparenta ser o caso! Fiquei bem curiosa com essa história e já vou adicioná-la nao meu Skoob!
    Bjss e obrigada pela indicação!

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  4. Ooie
    Confesso meu preconceito com romances de época. Nunca li um mas tenho a sensação de que não irei gostar.
    Maaaas como sou Mineira de sangue, alma, corpo, coração.. haha Daria uma chance pra esse!

    beijoos
    http://estantemineira.blogspot.com.br/

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  5. Oi Bruna,
    Ainda não tive a oportunidade de ler Marina Carvalho, ganhei o segundo livro da série Simplesmente Ana e estou com ele aqui na minha estante, mas preciso ler o primeiro antes. Sou apaixonada por romances de época, meu gênero literário favorito ♥, e quando vi o lançamento desse livro (amei a capa e votei nela) já coloquei na lista de desejados. Adorei a resenha e já sei que vou me envolver com essa história, principalmente por ser a nossa história, um romance de época vivenciado no Brasil, amei!
    Beijos

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  6. Bruna, nunca li nada da autora e confesso que depois da sua resenha fiquei mais curiosa na leitura.
    Parece ser uma história encantadora.
    Gosto de ter cartas e partes de diário.
    Darei uma chance a obra.

    Lisossomos

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  7. Também sou mineira nasci aí, mas moro em São Paulo.Por um lado a historia parece ser muito linda e por outro muito triste e revoltante, esse tempo da escravidão é de cortar o coração, muita angustia e sofrimento. Muito legal a parte que retrata os costumes da época, sempre bom aprender mais.

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  8. Olá Bruna, os romances de época estão fazendo um verdadeiro sucesso dentre os leitores. Confesso que tenho acompanhado poucos títulos mas estou cada vez mais interessada nesse gênero de leitura. Adorei sua resenha e já anotei a dica!

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  9. Olá Bruna, tudo bem? Esse livro parece ser muito bom, adoro as obras do grupo Globo Livros e esse é um dos últimos lançamentos da Globo Alt. Ainda não tive oportunidade de ler obras da Marina Carvalho, parece ser uma história muito legal. Fico contente que tenha gostado da leitura.

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