[Resenha] Crueldade - Scott Bergstrom



O mundo de Gwendolyn Bloom vira de cabeça para baixo quando seu pai desaparece durante uma viagem de trabalho. Ela logo descobre que ele não é o homem que, por dezessete anos, achou que fosse — e essa é só a primeira de muitas revelações que Gwendolyn terá pela frente. Sem poder contar com a ajuda de mais ninguém para encontrá-lo, a garota parte em uma jornada tão perigosa quanto alucinante, seguindo os rastros do pai pela Europa. Porém, para se infiltrar — e sobreviver — em um novo mundo cheio de maldade e perversão, ela precisará deixar toda a sua vida para trás, assumir uma nova identidade e se tornar alguém tão cruel quanto seus piores inimigos.

Título original: The Cruelty 
Categoria: literatura jovem, suspense, ação
Editora/Ano: Seguinte/2017
Skoob

“Crueldade” é melhor do que parece. A sinopse evoca uma história de espionagem e a capa emula um passaporte russo, combinação que, por si só, não suscita novidade. Antes de iniciar a leitura, o leitor já sabe que a jovem protagonista terá de mudar de identidade em algum momento para ir em busca do pai, que é apresentado como um diplomata do governo americano desaparecido em uma viagem de trabalho em Paris. 

Essa jovem é Gwendolyn Bloom, estudante em uma prestigiada escola em Nova York. Fala várias línguas graças às numerosas mudanças de endereço ao longo da vida, pratica ginástica olímpica e passa a impressão, nas primeiras páginas, de ser uma garota introspectiva e até um pouco esnobe, pois responde em francês à pergunta feita por seu professor por estar perdida em um devaneio. Naturalmente, isso não faz com que ela seja muito popular entre seus colegas. Além disso, ela parece incapaz de se impor frente ao bullying que sofre constantemente, aceitando sem muitos problemas o tapa na cara de uma veterana recebido após um xingamento. Ela não tem tanta consciência do quão cruel é o mundo lá fora, o que contrasta com a realidade vivida por seu pai – para ele, contar os detalhes sórdidos de um caso de tráfico de mulheres é algo que pode ser feito durante o jantar.

Tendo em vista que a CIA se mostra incapaz de solucionar o desaparecimento, Gwendolyn decide resolver a situação com as próprias mãos. Para isso, conta com o apoio de uma importante rede de contatos, a qual inclui uma espiã israelense, mestre nas artes do krav magá, cujo codinome é Yael. Daí em diante, a estudante frágil de outrora dá lugar a uma combatente mortal, capaz de introjetar em sua nova personalidade um pouco da crueldade da realidade que a cerca.

A escrita de Scott Bergstrom me surpreendeu, pois o livro consegue manter um bom ritmo do início ao fim e os diálogos apresentam uma boa qualidade. A leitura é fluida e prazerosa, apesar de não se tratar de uma trama especialmente original. Minha ressalva fica por conta da personagem principal, pois sua evolução me pareceu acelerada demais; a transição de Gwendolyn Bloom a Sofia Kozlovskaya talvez funcionasse melhor em um filme, com o apoio do tradicional recurso de montagem. Mesmo assim, Yael funciona bem como coadjuvante e “Crueldade” oferece uma boa experiência. Recomendo aos fãs do gênero. Convém ficar de olho no autor Scott Bergstrom, pois sua primeira obra de ficção já demonstrou um talento promissor.

Resenha feita pelo blogueiro convidado Ronan Sato.

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