MMF ENTREVISTA #7 - Flávio P. Oliveira



Quinta feira, dia feliz. Dia de MMF Entrevista. Dia de conhecer nossos novos autores, nossos talentos renegados pela grande mídia. Hoje vamos conversar com Flávio P. Oliveira, autor da fantasia “Lilliah Blü e a profecia do apocalipse”.

Vamos conhecer o autor!

Flavio Pereira de Oliveira, nasceu em Nilópolis, Rio de Janeiro. Apesar da formação em engenharia civil, sempre foi escritor tendo quando adolescente escrito os primeiros textos. É autor de alguns romances, contos, poesias, além de manter e escrever para o site pessoal. É, também, artista plástico e entusiasta do movimento de código livre.




CONHEÇA A OBRA:


Três Amores Instantâneos

AEcM12



Entre Loucos e Condenados


Lilliah Blü e a profecia do apocalipse





1.     Você se lembra do primeiro livro que leu na vida? Que idade tinha?
R.: Ah, eu não me lembro mais; provavelmente algum da Série Vaga-lume da Editora Atica, como O Caso da Borboleta Atíria (Lúcia Machado de Almeida). Líamos muito essa série de livros na infância. Uns dez anos de idade.

2.        Qual o seu maior ídolo na literatura?
R. Charles Dickens... Se bem que não sou de ídolos, mas eu o trataria assim. Estudei na Escola Municipal Charles Dickens, li muitos livros dele e até hoje é um dos meus escritores prediletos.

3.        Como funciona seu processo criativo?

R.: Normalmente, quando acho que tenho uma boa ideia, sento no micro e começo a escrever. Não faço roteiros, nem resumos. Escrevo o que vem em mente. Andar, fazer exercícios, observar as pessoas, essas atividades ajudam a criatividade. Acordo de madrugada para anotar sonhos também.

4.          Qual o seu livro de cabeceira neste exato momento?
R.: Estou lendo: Precisamos Falar Sobre Kevin, da Lionel Shriver.

5.      Fale um pouco sobre o que os leitores encontrarão na saga de “Lilliah Blü”.
R.: Um mundo fantástico, novo, recheado de personagens incríveis; aventuras, magia, um governo ditatorial, sociedades sombrias, mal e bem misturados; lutas, batalhas, buscas... Luzes e cores! Além dos personagens, eu valorizo o visual. Selvas, livros, bibliotecas, descobertas, e uma história de crescimento, amores, meninos loiros, meninas guerreiras...

6.     Hoje vemos (centenas de) dúzias de novos autores independentes. Se destacar nessa enorme seara é uma missão tortuosa e longa. Como tem sido sua experiência ao divulgar sua obra de forma independente?E quais as maiores dificuldades?

R.: Encontro dificuldade em encontrar parceiros que entendam que eu não posso doar livros para todo mundo; mas usando as redes sociais, a ajuda dos meus leitores e colegas escritores, consigo divulgar de algum modo. Ainda assim, é muito complicado, porque as editoras são agressivas na divulgação e nós independentes sofremos para conseguir apoio. Os livros digitais ajudam muito, mas o melhor apoio vem da divulgação feita pelos leitores.

7.             Com tem sido a respostas dos leitores?
R.: Excelente! Eu costumo dizer: todo mundo adora Lilliah Blü, pena que esse “todo mundo” é um pequeno universo. Quem leu adorou!



8.             Como você vê o papel dos blogs literários na jornada do autor independente.

R.: Como tudo na vida, há dois lados. Tenho blogues parceiros que ajudam muito mais do que meus amigos pessoais, e tem os que só querem leitura de graça. Eu diria que a maioria (dos blogues) ajuda mais as editoras do que o autor independente, contudo há vários que abraçam a literatura nacional e sem eles nós não teríamos qualquer divulgação.

9.      Sei que você tem um novo (ou novos) projeto sendo escrito. Pode falar um pouco sobre ele(s)?
R.: Tenho vários projetos, alguns livros iniciados, contudo estou dedicando noventa por cento do tempo à saga. Lilliah Blü merece. O segundo livro da saga está na fase de registros, e escrevo o terceiro, o qual tem umas cento e vinte páginas já. Além dele, volta e meia lanço textos numa distopia futurística e em um livro de mini-contos.

10.   Uma das grandes dificuldades do autor independente é conseguir oferecer seu livro por um preço mais módico. Por outro lado, os e-books são bem mais baratos que os oferecidos por grandes editoras. Como você tem percebido as preferências de seus leitores? Eles ainda preferem a versão física, mesmo com a diferença considerável no custo?

R.: Disparado a versão física. Reclamam de ebook direto (risos). Sempre que eu posso, faço uma pequena tiragem impressa, mas gostaria que os leitores começassem a migrar para as versões digitais. Eu faço tudo no meu livro, sou editor, e imprimo numa gráfica especializada em pequenas tiragens; contudo, mesmo com um bom preço, ainda não consigo competir com as grandes tiragens das editoras. Se meu ebook estiver por R$2,00 e o impresso por R$15,00, venderei mais impressos (risos).

11.     Você tem o costume de ler livros em formato digital?
R.: Sim. Cada vez leio mais livros digitais. Eu gosto, tenho um Kobo, é super útil, mais fácil, e tem mais recursos para leitura. 

12.   A ficção fantástica é seu estilo preferido para escrever ou gosta de transitar por outros gêneros?
R.: Eu diria que sim. Gosto de ficção fantástica, de histórias psicodélicas, bem loucas, futurísticas, distopias. São os meus prediletos, mas eu leio de tudo... Na verdade, eu levo em conta a qualidade do texto antes do resto. Se o escritor escreve bem, o enredo não importa, nem o estilo literário.

13.  Você tem o costume de ler obras de novos autores independentes? Se sim, pode citar algumas (quantas quiser) que mereçam ser mencionadas?

R.: Hum, eu não levo em conta nada além do estilo do escritor. Leio mais clássicos do que livros novos, procuro nacionais e escritores de língua portuguesa. Acho que não li nenhum independente recentemente, mas li nacionais de pequenas editoras, alguns que pagaram pela própria publicação.
Na verdade, eu não sou um típico leitor, não leio para meu prazer, para distração, não. Tenho que aprender com minhas leituras, por isso procuro livros clássicos, escritores portugueses e autores que se importam mais com o estilo do texto.
Volta e meia, eu recebo algum livro ou início de livro para dar um palpite, gosto disso. Leio também muitos começos de livros antes de comprar.

14.   Na sua opinião, que é o melhor escritor brasileira da nova geração?
R.: Difícil pergunta. Eu apontaria o Ricardo Lísias. Preciso ler mais livros dele e de outros jovens nacionais. Tenho buscado ampliar meu leque de escritores lidos e não ler vários de um mesmo  escritor, mas dos nacionais que li nos últimos anos, achei o livro do Lísias o que mais me agradou no conjunto.


15. Qual foi o tempo de produção de Lilliah Blü e a profecia do apocalipse, desde o surgimento da ideia até ter em mãos o livro pronto?

R.: Pelo menos oito meses. A fase de registro leva uns dois meses e meio, quando aproveito para fazer capa, editoração, etc. A gráfica leva uns quinze dias. Eu escrevo umas cinquenta a oitenta páginas por mês, gasto uns dois meses nas revisões... Demora (risos).

16.  Paralelo à carreira literária, você exerce outras atividades. Como tem feito para conciliar as duas atividades, e em que ponto essas atividades se convergem?
R.: Abandonei todas as minhas outras atividades, excetuando a pintura, tem uns dois anos. Minha mãe me ajuda. Antes, quando estava empregado, eu levava três/quatro anos para escrever um livro. Não dá! Resolvi tentar a sorte agora e ser escritor profissional, mesmo sem ganhar quase nada (por enquanto).

17.    O que você diria aos futuros escritores, que desejam mostrar ao mundo as histórias que povoam suas mentes?

R.: Não espere uma editora! Adicione outros escritores ao seu Facebook, converse com eles, participe de eventos, leia muitos portugueses e autores de língua portuguesa... Quando escrever um livro, reescreva, revise, revise. O que faz um bom escritor é escrever muito, e não ler muito. Se achar que tem um bom livro em mãos, publique o ebook e corra atrás de leitores, depois você envia para as editoras.

18.    Qual é o seu personagem preferido em sua obra publicada?
R.: Ah, que pergunta complicada. Eu adoro o grilo falante Eusébio de AEcM12, o tio Reesmungo de Lilliah Blü, o escaravelho consciência de Entre Loucos e Condenados. Gosto de pequenos personagens. :D

19.   O que você tem a dizer a quem ainda não leu seus livros?
R.: Não espere o mesmo do mesmo (risos). Eu sou bastante inventivo, e brinco com o meu texto. Meu estilo é diferente, porque não sigo modismos, e gasto horas em cada parágrafo. Meus livros são repletos de lindas frases, e, por eu ser artista plástico, são visualmente bem trabalhados. Espere um livro bem escrito, com personagens bem desenvolvidos e psicodelia. Tem sempre um sonho em cada um dos meus livros. Sempre alguma passagem meio alucinante. Ah, tanta coisa.

20.   Se Lilliah Blü for para a tela grande, o que não poderia faltar? E quem seria o Diretor ideal?
R.: Lilliah Blü é uma saga visualmente perfeita para o cinema (selva rosa, serra laranja, cidade antiga), então não preciso de um diretor que valorize a imagem e os efeitos especiais acima de tudo. Teria que ser alguém que trabalhe bem com atores jovens e goste de roteiros sem muito melodramas. Não gostaria que faltasse: a emoção dos personagens quando não estão conversando, close-ups. Preferiria um diretor menos conhecido e que valorizasse a história. Não quero James Cameron, nem Spielberg, ou Ridley Scott.

21.    Como e quando a vontade de escrever surgiu em sua vida?
R.: Desde a adolescência, sempre escrevi. Meu primeiro livro eu terminei com treze ou catorze anos.

22.   Qual a obra literária que você gostaria de ter escrito?

R.: Grande Sertão: Veredas. Tenho uma lista de prediletos que gostaria de ter escrito, mas o livro do Guimarães Rosa é impressionante em todos os sentidos, desde o texto até o final. Perfeito!


23.   Para finalizar, diga o que quiser, dê um recado aos seus atuais e futuros leitores. Reclame, xingue. Fique a vontade.
R.: Aos meus e futuros leitores, digo: inclua mais escritores de língua portuguesa na lista de leituras, porque um livro estrangeiro passa por mais modificações que não ajudam, por exemplo: tradução Participe de eventos, visite as estantes dos nacionais nas livrarias, e, sobretudo, opine e divulgue! A divulgação dos seus leitores nacionais prediletos é fundamental, e também a sua opinião, especialmente numa saga.
Além disso, não deixe o preconceito agir em você. A literatura em língua portuguesa é uma das mais ricas, e (por exemplo) melhor do que a americana, mas, infelizmente, Hollywood influencia todo mundo. Não deixe o cinema influenciar o seu gosto literário!
Agradeço a quem leu minhas respostas e gastou alguns minutos com esse escritor louco e diferente. Obrigado.
 

Obrigado ao Flávio pela entrevista! Muito sucesso a ele e todos os nossos autores independentes.
Se você é autor e também quer conversar com o MMF, mande um email para mmundinhof@yahoo.com.br, que teremos o maior prazer de bater um papo sobre o árduo mundo da literatura independente.

16 comentários

  1. Que entrevista legal..
    Ainda não conhecia as obras do autor..
    Eu também comecei lendo a série vagalume e também adoro o Charles Dickens..
    Nossa, gostei desse cara, ele resolveu se dedicar só a escrever e está conseguindo.. um dos meus sonhos..rs

    beijos
    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  2. Que entrevista fantástica, nunca ouvi falar deste autor, mas adorei os livros que ele escreveu, minha amiga já leu todos e falou que super me recomenda. Beijoos

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  3. O que eu mais gosto nessas entrevistas é poder conhecer autores e descobri livros que ainda não conhecia :D

    Gostei muito da premissa de Lilliah Blu e vou esperar pela resenha.

    Beijos.

    http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Ele já fez a resenha, aqui: http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/2014/02/resenha-lilliah-blu-e-profecia-de.html.

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  4. Adorei a entrevista!!
    Não li nada do autor, mas fiquei com muita vontade de ler AEcM12 e Lilliah Blü e a profecia do apocalipse.

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  5. Obrigado pelo oportunidade, Samuel. Gostei muito da entrevista, das perguntas e de como você montou o artigo.

    :D

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  6. Oi, eu adorei conhecer o Flavio, e imagino o quanto deve ser difícil para ele conseguir divulgar o seu livro, acho que publicações independentes devem dar um maior trabalhão para divulgar, mas tenho certeza de que o seu livro é muito bom, pois o mundo que ele criou é hiper interessante.
    Beijos!!!

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  7. Oi Samuel, tudo bem?
    Sempre fico rindo sozinha quando aparece a sua famosa última pergunta: "(...) reclame, xingue, fique a vontade"!!!!
    Acho legal o espaço que você a Bru abriram para novos autores. Assim temos a oportunidade de conhecer novas obras.
    Desejo sucesso para o autor e ficarei esperando a resenha do livro para saber a opinião de vocês.
    beijinhos.
    cila-leitora voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  8. Não conhecia o autor nem os livros.
    Vou procurar saber mais =)
    Livros digitais são tão <3

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  9. Gostei muito da entrevista, ainda não conhecia o autor e achei bem interessante suas obras! Concordo que devemos dar mais atenção á leitura nacional, tenho lido muitos livros brasileiros e amando muito, aqui existem ótimos escritores muito talentosos mesmo, devemos valorizar mais!
    beijos ♥

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  10. Já havia ficado bastante animada de saber sobre esta nova parceria, e realmente achei demais esta entrevista, adorei conhecer um pouco mais sobre autor!! Este ano estipulei uma meta de aumentar minhas leituras de livros nacionais e com certeza vou querer conferir algo dele!
    Abraço!!

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  11. Não conhecia o autor mas gostei muito da entrevistas. É sempre bom saber um pouco da vida dos autores, das suas inspirações e do que os levaram a escrever tal obra.

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  12. É realmente uma batalha diária para nossos autores conseguirem um espacinho nas nossas estantes. Muitas vezes alguns de nós nos deslumbramos com os lançamentos estrangeiros, mas esquecemos que também temos ótimos escritores aqui. Só desejo que o Flávio faça bastante sucesso.

    @_Dom_Dom

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  13. Sucesso e continue escrevendo histórias fantásticas!
    Mesmo com dificuldades é incrível como as histórias surgem e as escrevemos, criando novos mundos, personagens humanos e batalhas épicas, mais um autor nacional para me fazer passar horas e mais horas acompanhando suas loucuras.

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  14. Oie, tudo bom?
    Gostava da Série Vagalume já tem um cantinho no meu coração. Realmente o autor independente tem que cavar seu espaço no universo editorial e acho que os blogs devem sempre incentivar.
    Não tenho problema em ler ebooks e vou dar uma conferida nas obras do autor. Muito sucesso pra ele!!!
    Beijos!
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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  15. Já conhecia o autor, apesar de nunca ter lido nada dele. Acho que já passou da hora de eu ler uma de suas obras.

    Gosto bastante de autores independentes. Já li livros de autores sem editora que eram muito melhores do que de autores que fazem sucesso mundialmente.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista

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