Mais uma super entrevista das
suas tardes de quinta feira. Hoje conversamos com o escritor e atleta Tony
Ferraz, autor do Romance Zen Policial Budista “O Artífice” (Resenha Aqui).
Vamos conhecer esse cara?
Nasceu
em São Paulo, em 10 de Setembro de 1984.
Sempre
se interessou por escrever, por filosofia oriental e artes marciais. Viveu
alguns anos no Rio Grande do Sul, e quando voltou, com a idade de 14, iniciou
treinamentos com um mestre de Kung Fu Shaolin, que lhe ensinou, além da arte
marcial, muito sobre o Zen/Chan e a psicanálise.
Aos
16 anos, fundiu a vontade de escrever três livros distintos - Um de contos Zen
tradicionais, transmitidos oralmente, um de filosofia, e um romance policial -
em um único volume, nascia "O Artífice". Por 11 anos, o livro ficou
engavetado, até que o autor decidisse finalmente publicá-lo, sem reescrevê-lo.
O livro contém a mesma capa, texto e ilustrações que ele havia produzido, mais
de uma década antes.
Trabalhou
com design, publicidade, internet e como executivo de comércio eletrônico de
uma multinacional suíça. Em 2009, largou tudo para se dedicar às artes
marciais. Hoje é atleta e compete Jiu-Jitsu internacionalmente. Tem também
muitos hobbies diferentes relacionados à Arte, como desenho, pintura, mágicas,
hipnose e compor canções.
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ENTREVISTA
1. Você se lembra do primeiro livro
que leu na vida? Que idade tinha?
R.: Eu lembro de aprender a ler com gibis infantis, em especial
um chamado “O pequeno Ninja”, que minha mãe lia para mim. Sempre li muito, tudo
que eu julgava que tinha informações que poderiam ser úteis. Sempre gostei de
livros técnicos, e pouco de romances. Os técnicos acabam marcando menos na
memória, por isso é difícil lembrar o primeiro. Possivelmente o primeiro livro
de ficção em prosa que eu li foi de alguma daquelas séries juvenis indicadas na
escola nos primeiros anos do ensino fundamental.
2. Você tem algum livro escrito
anterior a “O Artífice” ainda não publicado? Se sim, um dia teremos a chance de
lê-lo?
R.: Produzi antes muito material de poesia e, principalmente,
letras de música, dezenas de letras. Eu tinha o intuito de montar uma banda de
Rock na época. Sobre livros, iniciei
alguns trabalhos anteriores, mas, por uma razão ou por outra, não consegui
desenvolvê-los. O Artífice acabou sendo uma síntese das diferentes ideias que
tive para três livros anteriormente, basicamente um livro de filosofia, um
livro de contos Zen Budista, e um romance policial.
3. Qual o seu maior ídolo na
literatura?
R. Essa é uma pergunta complicada, gosto dos filósofos, não
propriamente dos escritores. Isso quer dizer que meu apego às ideias é maior do
que às palavras. Platão e Lao Tzu são os que eu mais me identifico, assim como
algumas coisas do Nietzsche. Sobre escritores, gosto dos que procuram
transmitir algo além de apenas entretenimento. Nessa linha, George Orwell é com
certeza meu favorito. Apesar de todas as criticas e preconceitos, eu gosto
muito também do Paulo Coelho porque ele consegue transmitir mensagens complexas
numa linguagem simples, e isso é muito difícil de fazer. Acho que o trabalho dele
é mal compreendido pela critica literária.
4. Como funciona seu processo
criativo?
R.:Eu escrevo quando aquelas ideias ficam borbulhando na minha
mente, eu chamaria isso de “escrever por necessidade”. É como quando você tem
que urinar (risos), aquele negócio precisa sair de você, e tem que ser naquela
hora. Mas quando me propus a escrever O Artífice eu reservava parte da noite
até a madrugada para escrever, e eu conseguia escrever praticamente toda a
noite. Geralmente eu consigo sentar na frente do computador e escrever qualquer
coisa que as ideias aparecem, embora eu ache que o trabalho fica melhor quando
essa necessidade brota espontaneamente. Em O Artífice as ideias apareciam ao
longo do dia, ou eu apenas devia fazer a ligação escrita entre duas ideias que
eu já tinha tido antes. Então, eu sentava na mesinha do meu quarto, e ficava
escutando o som de uma fonte, que parecia barulho de chuva, entrando pela
janela. Por isso chove constantemente no livro.
5. Qual o seu livro de cabeceira
neste exato momento?
R.:Antropologia Estrutural I, do Lévi-Strauss. Descobri que ele
tinha ideias muito parecidas com as minhas e resolvi estudar o trabalho dele
para escrever a continuação de O Artífice.
6. Fale um pouco sobre o que os
leitores encontrarão em sua obra.
R.:Basicamente é um trabalho sobre o Zen Budismo e filosofia
taoísta, mas ele não se apresenta dessa forma. Produzi a obra numa dinâmica de
romance policial, com um serial killer, um detetive. Então ele consegue agradar
públicos diferentes: Tanto que procura um thriller, como quem quer ter contato
inicial com essas correntes de pensamento.
7. “O Artífice” tem elementos de um romance
policial clássico, mas sai do lugar comum ao introduzir um mística diferente,
com elementos do Taoísmo e uma série de metáforas que dificilmente vemos nesse
estilo? Como surgiu a ideia para a história e como esses elementos fazem parte
da sua vida?
R.:Eu escrevi O Artífice com apenas dezesseis anos, nessa época
eu estudava artes marciais Chinesas com um renomado mestre chamado Dirceu
Amaral Camargo. Ele é um amante do zen budismo e da psicanálise, e aprendi muito
com ele naquela época. Eu achava que o pensamento oriental deveria ser
popularizado para o público ocidental, e escrever um livro de contos zen
tradicionais (que eram transmitidos oralmente) era uma boa ideia. Como eu
também queria escrever um romance policial, decidi fundir as duas coisas.
8. Como tem sido a respostas dos leitores?
R.:Tem sido ótima, muito melhor do que eu esperava. Consegui
alcançar o primeiro lugar na lista de mais vendidos da Veja em e-book. Os
comentários também tem sido ótimos. Obviamente, você sempre pode também ser mal
compreendido e é possível que algumas pessoas achem que eu resolvi me apropriar
da filosofia taoísta para vender. Na verdade meu intuito sempre foi promover o
pensamento taoista e zen budista (chan) para um público que não o conhecia.
9. Hoje vemos (centenas de) dúzias de novos
autores. Se destacar nessa enorme seara é uma missão tortuosa e longa. Como tem
sido sua experiência ao divulgar sua obra? E quais as maiores dificuldades?
R.:Acho que a Amazon hoje é um bom jeito de publicar
independentemente, e a internet uma boa ferramenta de divulgação,
principalmente pelas mídia sociais e e-mails. Se você tem uma rede grande de
contatos a divulgação é facilitada. Minha maior dificuldade, como para a
maioria dos autores, foi encontrar uma editora. Só nós escritores sabemos como
isso é difícil. Eu demorei quase catorze anos, por estar envolvido com outros
projetos. Felizmente fechei contrato com uma grande editora, a Universo dos
Livros, e estamos com o lançamento de O Artífice previsto para Julho nas
melhores livrarias.
10. Você é um atleta das artes
marciais. Como concilia essa atividade com o ofício de escritor? Em que ponto
as duas atividades convergem e quando se atrapalham? Qual atividade surgiu
primeiro?
R.:As duas coisas são paixões desde que eu consigo me lembrar.
Meu trabalho como atleta é diário, e, hoje em dia, eu só escrevo quando tenho
inspiração. As duas atividades convergem muito no aspecto filosófico, porque
tanto a literatura quanto as artes marciais estudam o espírito humano. Você
pode tirar lições diárias das duas para sua vida. Ambas só se atrapalham no
sentido de que, a energia do homem é limitada, e eu não consigo fazer as duas
ao mesmo tempo. Mas é bom, porque quando eu estou muito saturado de uma das
atividades eu procuro a outra pra me distrair.
11. O Arfítice está à venda na
Amazon. Como tem percebido a aceitação dos leitores ao formato digital? E qual
é a sua relação com os livros digitais?
R.:Eu trabalhei com publicidade na internet muitos anos, então o
mercado digital é natural pra mim. Eu acho que a aceitação dos livros digitais
tem sido cada vez maior, pela facilidade que ela proporciona. Acho que veremos
o mercado crescer muito nos próximos anos.
12. Muitas vezes os autores carregam seus
protagonistas com características próprias. Seus personagens têm muito de você?
Algum personagem é inspirado em pessoas reais?
R.:Sempre tem um pouco de você, porque sai de você, mas não quer
dizer que seja você (risos). Acho que o humor do Haryel (detetive
protagonista), assim como a personalidade dele, muito parecidos comigo na época
em que eu escrevi. A relação dele com o mestre budista do livre retratam bem a
confusão que minha racionalidade tinha ao estudar o pensamento oriental. E, a
personalidade do assassino representa o pior que havia em mim na época.
13.
Você
costuma ler obras de novos autores brasileiros? Poderia indicar alguma(s) que
merecem destaque?
R.:Infelizmente não tenho tido contato com novas obras.
14.
Qual
obra você gostaria de ter escrito?
R.:Fausto de Goethe
15.
Pode
citar um trecho preferido de sua obra?
R.:Essa foi a pergunta mais difícil... Eu gosto muito do conto
zen tradicional que abre o livro, é meio longo, depois você vê se cabe aqui. Diz
assim:
Havia um lugar onde muitas pessoas viviam presas e famintas, essas penavam amontoadas umas as outras e mal conseguiam fazer qualquer coisa, a fome as incomodava e de modo algum conseguiam se libertar.Do lado de fora havia um grande bolo de arroz do tamanho de milhares de homens, e esse podia saciar a todos eles.E tais pessoas possuíam grandes palitos de madeira de quatro a cinco metros cada um, e esses alcançavam o bolo.Mas essas pessoas viviam infelizes, pois os palitos eram grandes demais, e era impossível levá-los a própria boca. Suportavam então sem alimento, a dor e o choro por todos os lados.Havia então outro lugar, onde também muitas pessoas viviam presas e famintas, essas penavam amontoadas umas as outras e mal conseguiam fazer qualquer coisa, a fome também as incomodava e de modo algum conseguiam se libertar.Do lado de fora também havia um grande bolo de arroz do tamanho de milhares de homens, e esse podia saciar a todos elesE tais pessoas possuíam também grandes palitos de quatro a cinco metros cada um, e esses alcançavam o bolo.E essas pessoas viviam felizes, pois os palitos eram grandes demais, mas ao invés de tentar levá-los a própria boca, levavam a boca uns dos outros, alimentando a todos
16.
Por
favor, conte-nos sobre seus projetos futuros. Teremos chance de ler outras
obras de sua autoria em breve?
R.:Estou escrevendo a continuação de O Artífice, e pretendo
terminá-la até o fim do ano.
17. Se “O Artífice” fosse para os
cinemas, o que não poderia faltar?
R.:Acho que teria que ser um filme com pouca saturação,
destacando o clima nebuloso Londrino. Uma trilha do Pink Floyd também não seria
nada ruim.
Yeah! Pink Floyd!! |
18. Quais suas maiores influências na construção da
trama de O Artífice?
R.: Existem duas tramas no meu livro. Uma “aparente”, que é
muito influenciada por filmes policias, mais que romances, por essa razão o
livro tem uma linguagem visual característica. Eu quis criar uma linguagem nova
e sinestésica, principalmente visual. “Seven - os sete crimes capitais” foi uma
grande influência. A outra trama é a substância, ela está oculta e só é
revelada pra quem decide ler o livro além das aparências. Muito dessa segunda
trama só vai ficar clara na continuação.
19. Como e quando surgiu seu interesse pela
escrita?
R.: Sempre gostei de escrever, eu sempre lembro de mim
escrevendo, desenhando e lutando.
20.
O que você diria aos futuros escritores, que
desejam mostrar ao mundo as histórias que povoam suas mentes?
R.: Escreva, comece. Saiba qual é o seu objetivo, se você quiser
ser comercial, saiba ser, se esse não for seu intuito, descubra qual é o seu
intuito e siga a partir daí. Feito isso no começo, nunca desista, desistir é a
maneira mais certa de falhar em qualquer área. Tem um provérbio interessante
que diz: “O segredo dos que triunfam é sempre recomeçar.”
21.
Qual
é o seu personagem preferido em sua obra publicada?
R.: Gosto do assassino. Acho que consegui criar uma boa
complexidade psicológica nesse personagem.
22.
O que você tem a dizer a quem ainda conheceu
seu trabalho
R.: Que vou lançar meu livro nas livrarias físicas na segunda
metade desse ano e estarei presente na Bienal no livro de São Paulo em Agosto
para autografar.
23.
Por favor, dê seu recado. Diga o que quiser
para seus leitores, futuros leitores, inimigos... Todos.
R.: Eu só tenho a agradecer. A maior alegria de um escritor é
perceber que aquilo que ele produziu pode ser útil para alguém e eu me realizo
dessa maneira. Espero que O Artífice, ou algum dos meus trabalhos possam ajudar
você de alguma forma.
Agradeço imensamente ao autor,
que aceitou o convite com muita receptividade. Sucesso e que venha a sequencia
de “O Artífice”.
Se
você é autor e também quer conversar com o MMF, mande um email para
mmundinhof@yahoo.com.br, que teremos o maior prazer de bater um papo sobre o
árduo mundo da literatura independente.
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É sempre bom conhecer novos autores, principalmente quando são nacionais.
ResponderExcluirAchei super diferente a temática do livro, romance policial, com uma pegada zen budista...
Fiquei muito curiosa para conhecer a obra.
E parabéns ao blog, por apresentar novos autores.
Bjok
Não conhecia esse autor mais sempre é bom ver o brasil com vários escritores bons, só falta o reconhecimento, pois ate um tempo para cá eu odiava escritores brasileiros...
ResponderExcluirAchei super boa essa entrevista.. mais confesso não curti muito esse livro não :P
Não conhecia o autor e fiquei abismado com a mistura que ele fez na obra dele. Deve ter ficado incrível.
ResponderExcluirGosto também muito de filosofia, apesar de preferir Aristóteles a Platão. Platão não ia muito com a cara dos poetas. rs
Amei a entrevista.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de Maio
Não conhecia o autor, então foi bem interessante saber um pouco sobre seus ídolos literários, sobre sua obra e etc. Ri na parte que ele compara o processo criativo com a vontade de urinar rs
ResponderExcluirVou procurar saber mais sobre seu livro. O único livro que li que fala um pouco sobre filosofia foi O mundo de Sofia.
Ótima entrevista,assim como elel comecei com gibis,dei uma parada e retornei a ler mais depois masi velha.Não conhecia o autor, vou ler a resenha do livro dele pra ver se leio ou não ;)
ResponderExcluirOla! Nao conhecia o autor acho que a maioria dos leitores assim como ele começam nos gibis eu pro exemplo com a eterna Turma da Monica! Li a resenha do livro e dele e achei mega interessante, mas vi já a mistura de diversidades que nela se encontram ^^
ResponderExcluirCurti a entrevista é sempre ótimo conhecer mais de nossos escritores nacionais!
Beijos Joi Cardoso
Estante Diagonal
Oiee
ResponderExcluirNão conhecia o autor mas parece ser bem legal o livro lançado !
Beijos
www.livrosechocolatequente.com.br
Oii
ResponderExcluirGostei da entrevista. Ainda não conhecia o autor.
Interessante ele gostar mais dos filósofos...só não curto muito Paulo Coelho.
livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br
Eu adoro ler sobre filosofia taoista e de thrillers policiais, então ter uma mistura de ambos em um romance me deixa curiosíssima.
ResponderExcluirGostei bastante da entrevista e de conhecer esse autor. Me interessei muito pelo livro dele.
oi gente, obrigada pela visita!!!
ResponderExcluirbeijos
Oi, eu não conhecia o autor e nem seu livro, mas adorei a entrevista, sempre é ótimo conhecer novos autores, o livro dele parece ser bem legal fiquei interessada.
ResponderExcluirBeijos!!!
Achei super interessante essa mistura de gêneros que ele fez. Não conheço nada da Cultura Oriental, e acho que ler esse livro já é um bom começo pra conhecer. Só posso dizer que achei super corajoso da parte dele lançar esse livro. Tentarei ler, sim!
ResponderExcluir@_Dom_Dom
Oie,
ResponderExcluirnossa interessante hein.
Não conheço quase nada dessa cultura, mas gostei da premissa.
abraços
Não conhecia o autor, gostei bastante da mistura de gêneros e a cultura que ele colocou no livro. Não li nada do Paulo Coelho. Thrillers policias me chamam a atenção.
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