Bom dia gajos e raparigas. Hoje, mais uma quinta
feira; mais um MMF Entrevista. E dessa vez trazemos a primeira entrevista
INTERNACIONAL do blog. Conversamos com o escritor português Joel G. Gomes,
autor do romance “Um Cappuccino Vermelho”.
Conheça o autor.
Sou um escritor na casa dos
trinta, embora suspeite que isso não vá durar para sempre. Escrevo romances,
contos, guiões e crónicas.
Trabalhei numa biblioteca
durante vários anos, durante os quais participei em diversas iniciativas de
apoio à leitura.
Comecei por escrever pequenas
histórias, daí saltei para a escrita de sketches e depois para
curtas-metragens.
Estou neste momento a concluir
as revisões do meu segundo livro (a imagem) que espero publicar em 2013. Ao
mesmo tempo, tenho já a decorrer a escrita de uma terceira obra (a voz) e a
preparação de uma quarta.
Além de romances, escrevi também
vários contos, dois guiões para longa-metragem e algumas propostas para séries
de televisão.
Crónicas assinadas por mim podem
ser lidas nos jornais o primeiro de janeiro, o rio, jornal do barreiro e em
algumas edições mais antigas do jornal da bairrada, voz da póvoa e jornal do
alto alentejo.
SUA OBRA
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ENTREVISTA
1. Você se lembra do primeiro livro
que leu na vida? Que idade tinha?
R.: Não me lembro qual foi o
primeiro livro que li, mas quase de certeza que deve ter sido uma revista do Zé
Carioca, uma edição da Krypta ou qualquer coisa nessa onda. O meu pai era um
coleccionador de banda desenhada de faroeste e terror, entre outras, e eu
passei muito tempo a devorar todas essas histórias.
2. Você tem algum livro não
publicado que esconde a sete chaves? Se sim, um dia teremos a chance de lê-lo?
R.: Não posso dizer que tenha.
Tenho algumas histórias (contos sobretudo, mas também um romance) que só não
estão publicadas porque não as considero prontas. Não só do ponto de vista de
revisão de texto, como também por não terem uma narrativa completa.
3. Qual o seu maior ídolo na
literatura?
R. Não tenho. Há muitos
autores que respeito, que sigo, que invejo, mas todos esses sentimentos são
suscitados pela qualidade dos seus trabalhos. É isso que eu quero um dia
alcançar. Até sou boa pessoa (dizem), mas a nível do público prefiro que gostem
de mim pelas minhas obras do que por ser uma pessoa espectacular.
4. Como funciona seu processo
criativo?
R.: Varia muito consoante o
tipo de projecto. Às vezes faço um resumo detalhado, outras elaboro só uma
lista de tópicos, outras ainda não faço nada – escrevo directamente. Funciona
muito por instinto. Se bem que às vezes é preciso corrigir o instinto.
5. Qual o seu livro de cabeceira
neste exato momento?
R.: “Heart-Shaped Box” de John
Hill e “O Segredo do 13º Apóstolo” de Michel Benoît. (Demorei demasiado tempo a
responder a esa entrevista. Tanto assim que entretanto terminei o primeiro e
pausei o segundo. Agora estou a ler “Fragile Things”, livro de contos de Neil
Gaiman e “Criminal Minds” de Jeff Mariotte.
6. Fale um pouco sobre o que os
leitores encontrarão em “Um Cappuccino Vermelho”.
R.: Como eu digo na Introdução,
“Este não é o melhor livro de sempre. Mas também não é o pior.” Não é uma
obra-prima da literatura, mas é uma história com momentos interessantes,
divertidos, tensos. Acima de tudo, é uma história que se lê bem e que entretém.
7. “Um Cappuccino Vermelho” pode
ser considerado um thriller policial. Esse é seu gênero preferido para ler e
escrever ou tem projetos para histórias em outro estilo?
R.: A minha escolha de género é
um pouco como o meu processo criativo. A história em si dita muito a forma como
será escrita e em que moldes. “Um Cappuccino Vermelho” pode ser considerado um
thriller policial sim, mas eu acrescentaria “com uma pitada de fantástico”. Aliás,
se tivesse de escolher, o elemento fantástico é se calhar o que mais vezes
surge nas minhas histórias. No caso de “A Imagem”, por exemplo, embora seja uma
sequela de “Um Cappuccino Vermelho”, o género mais predominante é precisamente
esse.
8. Como tem sido a respostas dos
leitores?
R.: As respostas às vezes
tardam a vir, mas é sempre uma surpresa quando surgem. Principalmente quando
são respostas positivas como as que tenho recebido do Brasil.
9.
Muitas
vezes os autores carregam seus protagonistas com características próprias. Ricardo
e/ou João têm muito de você? Algum personagem é inspirado em pessoas reais?
R.: Lamento desiludir os
leitores, mas as únicas semelhanças entre eu, o João e o Ricardo é o facto de
sermos escritores e de bebermos café. Para dizer a verdade há mais semelhanças,
mas não as posso divulgar aqui.
10.
Você
costuma ler obras de novos autores? Poderia indicar alguma(s) que merecem
destaque?
R.: Há um autor, também
português, chamado Manuel Alves, que tenho vindo a descobrir e cujas histórias
são muito interessantes. Ainda não conheço toda a sua obra, mas do que já li
recomendo sem reservas. (Encontram-no no Smashwords, iTunes, Amazon, etc.).
Além dele quero também referir os
membros de um grupo de escrita criativa do qual faço parte chamado Oficina
Trema. Muitos deles ainda não publicaram fora do grupo. Espero que ao lerem
isto se sintam mais incentivados a fazê-los.
11.
Você costuma ler ou já leu alguma obra de
autor brasileiro? O que achou?
R.: De ficção, tenho alguns
livros de autores brasileiros em casa. Infelizmente, tal como acontece com
tantos outros, ainda não os li. Sem ser de ficção, li vários livros do Luís
Fernando Veríssimo e achei-os muito bons.
12.
Qual
obra você gostaria de ter escrito?
R.: Talvez o “Neverwhere” do
Neil Gaiman, “Velocity” do Dean Koontz ou “The Poet” de Michael Connelly. Estes
foram os primeiros livros que li destes três autores e cada um deles, à sua
maneira, causou-me um grande impacto.
Pode
deixar um trecho de seus preferidos de algum de seus livros?
R.: Não creio ter
imparcialidade suficiente para conseguir fazer isso.
13.
Pode
nos falar sobre seus projetos futuros e sobre “A Imagem”?
R.: De momento, “A Imagem” é o
meu único projecto. É uma história longa, talvez um pouco complexa, que lida
sobretudo com redenção e determinação. É, como já referi, uma sequela de “Um
Cappuccino Vermelho”. A seguir a esse virão mais dois para terminar a série.
14. Além de romances, você escreve
também roteiros (guiões) para cinema. Para você, qual dos dois é mais fácil, e
quais os maiores desafios de cada um.
R.: São mundos completamente
diferentes. Num texto literário tenho a tarefa facilitada se quiser, por
exemplo, mostrar o que um personagem está a pensar: basta-me escrever. Num
guião posso colocar os pensamentos desse personagem em voz-off, só que ao fim
de um bocado isso cansa e é preciso procurar outro meio.
Acima de tudo a grande diferença é
esta: num romance eu posso contar, num roteiro eu tenho de mostrar. Num roteiro
não posso escrever:
ARLINDO
MATOS sempre foi um bom pai de família.
Tenho de mostrar isso através das
suas acções, das suas palavras.
Em termos de facilidade, estão
equilibrados. Um texto literário é mais fácil
de escrever, mas é também mais longo; um guião é mais técnico, mas é também
mais rápido. Se tivesse de escolher entre um e outro, escolhia os dois.
15.
Se
“Um Cappuccino Vermelho” for para os
cinemas, quem gostaria de ver como diretor?
R.: David Rebordão, realizador
da curta “A Curva” e da longa “Real Playing Game” (escrevemos juntos a primeira
versão do roteiro). Foi quem prefaciou “Um Cappuccino Vermelho” e é alguém que
me conhece bem e conhece bem o livro. Ficaria descansado com o projecto nas
mãos dele.
16. No Brasil, um grande empecilho
para os escritores independentes é a resistência dos leitores em relação aos
livros digitais. Seu livro é disponibilizado gratuitamente em versão e-book.
Como você vê o comportamento dos leitores em Portugal quanto aos livros
digitais?
R.: Os mais novos têm uma
tendência maior para aceitarem este tipo de formatos, o que não significa que
os mais velhos não demonstrem interesse. O que falta sobretudo em Portugal é o
hábito de ler. Não interessa se o livro chega em papel, pdf ou epub, se depois
não há leitores. Em relação aos que consomem livros em formato digital, a
grande queixa é o preço dos mesmos no que diz respeito as edições electrónicas
portuguesas.
17.
Quais
os maiores obstáculos que tem encontrado na carreira de escritor em Portugal?
R.: A falta de tempo. Gostava
de poder dizer que as minhas histórias pagam contas, só que ainda não atingi
esse estatuto.
18.
Como e quando surgiu seu interesse pela
escrita?
R.: Quando tinha 11 anos, a
minha professora de Português pediu que escrevessemos uma história com duas
páginas no mínimo. No dia seguinte eu apareci com dezoito páginas escritas, e
um CONTINUA no fim. Pensava que ela fosse levar aquilo para corrigir em casa,
mas cada um teve de ler o seu texto em voz alta para os colegas. Apesar de não
gostar de ler em voz alta, penso que foi aí que tudo começou.
19.
O que você diria aos futuros escritores, que
desejam mostrar ao mundo as histórias que povoam suas mentes?
R.: Escrevam-nas, ponham-nas cá
fora. Mas preparem-se para não serem compreendidos. O facto de a história que
escreveram ser muito importante para vocês não significa que o seja para mais
alguém. Dito isto, parte da tarefa de um escritor é criar uma aproximação entre
aquilo que tem para contar e aquilo que o público deseja ler.
20.
Qual
é o seu personagem preferido em sua obra publicada?
R.: Neste momento tenho que
dizer que é o Lucas, o protagonista de “A Imagem”. Talvez por passar tanto
tempo com ele.
21.
O que você tem a dizer a quem ainda [não?] conheceu
seu trabalho?
R.: Experimentem.
22. Por favor, dê seu recado. Diga
o que quiser para seus leitores, futuros leitores, inimigos... Todos.
Em primeiro lugar quero agradecer
ao Samuel por mais esta oportunidade de divulgar o meu trabalho. Infelizmente
não são tão frequentes quanto eu gostaria, por isso é de aproveitar quando
surgem. Finalmente, um agradecimento a todos os meus leitores, passados,
presentes e futuros.
Obrigado, Joel, pela disponibilidade. Desejamos muito sucesso nessa tão difícil carreira.
Se você é autor e também quer conversar com o MMF, mande um email para mmundinhof@yahoo.com.br, que teremos o maior prazer de bater um papo sobre o árduo mundo da literatura independente.
.
Samuca!
ResponderExcluirAdoro essas entrevistas porque acabo conhecendo sobre novos autores e suas obras... O Joel parece um cara bem bacana e fiquei bem curiosa sobre seus livros. Depois vou fofocar um pouco com você no facebook sobre o post :p
PS: o que são 'guiões'?!
Beijos
Blog Procurei em Sonhos
Te esperando pra conversar.
ExcluirGuião é como chamam roteiros de cinema em portugal
Gostei muito da entrevista! É bem legal conhecer mais dos autores através das palavras deles XD
ResponderExcluirOi meninos, tudo bem?
ResponderExcluirParabéns pela entrevista =D Bom saber que o autor tem tido muito retorno aqui do Brasil tb!! Com certeza deve ser um grande reconhecimento. Ahhh e eu tb adorava o Zé Carioca =P
beijos
Kel
www.porumaboaleitura.com.br
Adorei a entrevista. Os livros desse autor parecem ser excelentes.
ResponderExcluirM&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de Abril
Olá. Não conhecia o escritor a adorei saber que ele é Português.
ResponderExcluiré interessante conhecer a dificuldade que autores de outros países, principalmente um país desenvolvido como Portugal, encontram na hora de publicar suas obras.
Fiquei bem curiosa com o enredo de "Um Cappuccino Vermelho ", sem falar na capa que eu achei bem interessante e condizente com o livro, haha.
Oi, Samuel
ResponderExcluirAdorei a sua entrevista. É tão bom conhecer escritores diferentes, principalmente português. Fiquei super curiosa com o livro " Um Cappuccino Vermelho", gostaria de ler.
Quando eu era criança, também adorava o Zé Carioca.
é sempre bom conhecer autores brasileiros! e acredito que faz parte de nós blogueiros dar uma ajuda na divulgação, sucesso Samuel e parabéns ao blog pela maravilhosa entrevista!
ResponderExcluirBeijos Joi Cardoso
Estante Diagonal
Já tinha lido a resenha do livro do autor aqui no blog e achei bem interessante. A entrevista ficou ótima, gostei muito de saber mais sobre ele. :)
ResponderExcluirbeijos
Ja tinha ouvido falar de alguns livros do autor , mais nao me interessei , pois nao fazem o tipo de livro que eu gosto !
ResponderExcluirOlha que coisa mais legal, um entrevistado que está do outro lado do oceano. Parabéns ao Meu Mundinho Fictício pela entrevista. Já tinha visto esse "Um Cappuccino Vermelho", mas ainda não consegui lê-lo. Nessa entrevista percebi que muitos dos problemas que temos aqui no Brasil, tem lá em Portugal também.
ResponderExcluir@_Dom_Dom
Que chic, entrevista internacional !!! U-U haha
ResponderExcluirnão conhecia o autor nem os livros. Mas agora vou dar uma procurada básica e ver uns ebooks acessíveis. Gostei da entrevista !
bj, dréa
Parabéns pela primeira entrevista internacional. Li a resenha de Um Cappuccino Vermelho aqui no blog. Gostei da entrevista é sempre bom conhecer mais sobre novos autores e do processo de criação de cada um.
ResponderExcluirO bom da entrevista é que você se sente mais proximo do autor conhece um pouco de onde vem a inspiração dele para escrever o livro. Eu gosto disto.
ResponderExcluirBeijos.
http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/
oi gente, obrigada pela visita!
ResponderExcluirBeijos