[Resenha] A Sereia - Kiera Cass

Anos atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar — pois a voz da sereia é fatal —, logo surge uma conexão intensa entre os dois. É contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos de obediência, ela está determinada a seguir seu coração.

Título original: The siren

Editora/Ano: Seguinte/2016

Categoria: fantasia, juvenil

skoob

* Livro cedido pela Grupo Companhia das Letras (Editora Seguinte)

Olá pessoal, tudo bem?

Acho que mesmo quem não leu, já ouviu falar de Kiera Cass, não é? A autora da série A Seleção. Eu já li a trilogia inicial de A seleção (que hoje virou uma série de 5 livros, embora os 2 últimos possam ser considerados spin-offs), e gostei muito da escrita da autora. Então, quando soube do lançamento de A Sereia, fiquei louca! A Sereia é um romance único e independente, ideal para quem anda fugindo de séries, e foi o primeiro livro publicado pela autora, na época, como auto publicação.

Vamos conferir?

"- Bem-vinda à irmandade das sereias."
Pág. 16

A sereia conta a história de Kahlen, uma jovem que aos 19 anos sobreviveu a um naufrágio, mas, em troca, deu sua vida a Água, assumindo uma dívida de 100 anos como sereia. Mas o que exatamente é uma sereia? As sereias são jovens humanas vítimas de afogamento a quem a Água (sim, com letra maiúscula, rs) concede a chance de não morrer, em troca de seus serviços por 100 anos. A Água se alimenta de vidas, para que possa continuar promovendo a vida na Terra, e cabe às Sereias, com suas vozes sedutoras, atrair as vítimas à Água. Durante os 100 anos nesse posto, essas jovens possuem uma beleza sobre-humana, não envelhecem ou se adoentam, e não podem falar com nenhum humano, pois suas vozes são mortais.

"- É nosso dever, e logo poderá ser o seu também. Se você der a Ela seu tempo, Ela vai te dar vida. Deste dia em diante, pelos próximos cem anos..."

Pág. 15

Mesmo após 80 anos desta vida, Kahlen não consegue superar o sofrimento pelas mortes que causou. A cada Canto, a cada navio naufragado, ela sofre pelas vítimas, e isso faz com que ela viva em uma constante dualidade de sentimentos em relação a Água, a quem ama e odeia em medias iguais.  Ela vive com suas irmãs sereias, Elizabeth, Miaka, e Aisling, e a relação de amor e cumplicidade entre essas jovens é muito bonita.

Durante a estada em Miami, ela conhece Akinli, um jovem universitário que parece enxergar além da aparência de sua extrema beleza. Akinli é o tipo menino de ouro. Gentil, educado, divertido, ele consegue se comunicar com Kahlen, mesmo com a barreira da linguagem (já que ele acredita que ela é muda), e acaba por conquistar nossa protagonista.

O amor dos dois é fofo, lindo e me convenceu. Digo isso porque tive receios em relação ao livro, depois de algumas resenhas negativas, que mencionavam um amor instantâneo. Bom, os sentimentos foram intensos demais para dois jovens que mal se conheciam, mas se formos analisar a questão temporal, o livro cobre um espaço de tempo beeem longo. Porém, apesar do romance fofo entre Kahlen e Akinli ser de extrema importância, principalmente para o desfecho da trama, esse não do o foco predominante do livro. Na verdade, creio que as páginas dos dois juntos não representam nem uns 20% do total. A maior parte da história foca na relação entre Kahlen e suas irmãs, e entre todas elas e a Água. Eu gostei disso, porque achei a dinâmica desse relacionamento, assim como da mitologia sobre sereias, criada pela autora, mas talvez isso desagrade quem espera romance em primeiro lugar. 

"Akinli não sabia direito o que havia de errado comigo, e mesmo assim queria que eu ficasse."

Pág. 193

A Água é praticamente uma entidade viva, que embora não tenha corpo, consegue se comunicar com suas sereias, tem sentimentos e emoções. Porém, ao não ter um igual, Ela nem sempre compreende suas jovens sereias, e sente por elas um amor opressivo e muitas vezes egoísta, que a torna capaz de atitudes bem explosivas e cruéis. Essa personificação da Água, foi sem dúvida, um dos pontos altos da trama. E achei muito legal a relação entre ela e Kahlen, que a enxergava como uma mistura de mãe, amiga, carcereira e algoz.

A narração do livro é em primeira pessoa, por Kahlen, e a escrita de Kiera Cass é uma delícia, e sempre muito fluida. Porém, eu consegui perceber diferenças entre esse livro e a série A seleção, que demonstram o quanto a autora amadureceu e deu mais dinamismo a sua escrita desde que escreveu A Sereia (lembrem que esse foi o primeiro livro dela). A sereia, embora não seja uma leitura arrebatadora, é um livro leve e gostoso de ler. É uma leitura despretensiosa, mas sem grandes reviravoltas e acontecimentos, mas consegue nos cativar por sua simplicidade e magia.

“Sempre há espaço para o amor, nem que seja uma frestinha. Isso basta.”
Pág. 211

A diagramação da Seguinte está linda, como sempre, complementada pela linda capa do livro e não percebi erros de revisão ou tradução. E a edição da Seguinte ainda acompanha uma fofa carta de Kiera Cass aos fãs brasileiros!!!

Recomendo a leitura para quem curte juvenis e fantasias, complementados por uma linda relação de amizade e amor.

Beijos

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