Les liaisons dangereuses (As Ligações Perigosas), romance epistolar do século XVIII, da autoria de Choderlos de Laclos e publicado em 1782. A obra retrata as relações de um grupo de aristocratas através das cartas trocadas entre si, na época imediatamente anterior à Revolução Francesa, — nobres ociosos e sem escrúpulos dedicam-se prazerosamente a destruir as reputações de seus pares. O enredo tem como foco o Visconde de Valmont e da Marquesa de Merteuil, que manipulam e humilham as restantes personagens através de intrigas e jogos de sedução.Quando lançado, o livro foi considerado calunioso, pois tratava de outro modo a nobreza francesa, mostrando a história de personagens vis, sem as idealizações da literatura anterior. Mais do que uma crítica à nobreza francesa, o livro é considerado uma obra-prima do gênero, pois adentrou muito a fundo a mente dos personagens, mostrando seus temores, desejos e malícias. Muito peculiar é a maneira como o autor nas cartas conseguiu criar uma personalidade a cada personagem, visto primeiramente pela sua maneira de escrita, e posteriormente por suas atitudes.No decorrer do livro, ficam claras as intenções manipulativas dos protagonistas, ao mesmo tempo retrata suas fraquezas, como o inesperado amor do Visconde de Valmont pela Presidenta de Tourvel; a carta que retrata a vida da Marquesa de Merteuil mostra os motivos pelos quais ela se tornou tão vil.
Título Original: Les liaisons dangereuses
Editora/Ano: Companhia das Letras/2012
Publicação original: França/1782
Categoria: Clássico, Literatura francesa
* Cortesia cedia pela Companhia das Letras para resenha
Olá pessoal, tudo bem?
As relações perigosas (mais conhecido como Ligações Perigosas), é um clássico da literatura francesa, publicado em 1782, por Choderlos de Laclos. Após várias adaptações, para o teatro, cinema e TV, a história já bem conhecida do público em geral, pelo menos por nome. Eu já conheço a história há muitos anos, e simplesmente a adoro! E agora tive a oportunidade de ler a obra que deu origem a uma das histórias mais fortes e intensas que já vi. E por esse mesmo motivo, a resenha de hoje é possivelmente uma das mais difíceis que já fiz, uma vez que, de um lado tem-se uma trama que eu já conheço e adoro, e do outro, uma obra cuja escrita extremamente formal a torna de difícil leitura.
Vamos lá então?
Ambientado na França, em um ano não identificado do século XVIII, As relações perigosas narra uma série de fatos envolvendo a aristocracia francesa, tendo o Visconde de Valmont e da Marquesa de Merteuil como os pivôs de um perigoso jogo de sedução e manipulação. Narrado integralmente por meio de cartas, o livro conta como estes dois nobres brincam, jogam e manipulam todos a sua volta, por simples prazer, diversão ou forma imposição de poder, sem se importar com as reputações, e mesmo vidas, que podem ser destruídas no processo. Bom, na verdade eles buscam e almejam ter essas reputações esmigalhadas, o que consideram verdadeiros triunfos e vitórias.
Desejosa de se vingar de um ex-amante, Gercourt, que buscava uma esposa jovem e inocente, a Marquesa de Merteuil arquiteta um plano para desonrar e corromper a jovem Cecile Volanges, uma menina recém-saída do convento, e a quem Gercourt desejava como esposa. Para tanto, ela pede a ajuda de Valmont, que recusa por considerar que seduzir uma menina tão ingênua não representa nenhum desafio. O foco do Visconde é outro, sendo esse a devota, religiosa e casada Presidenta de Tourvel, uma mulher conhecida por suas virtudes e fidelidade. Assim nasce uma aposta: Caso Valmont consiga seduzir a virtuosa Presidenta, a marquesa se tornara novamente sua amante. E a situação fica ainda mais complexa quando Valmont descobre que a Sra. Volanges, mãe de Cecile, falou mal dele para a Sra. de Tourvel, o que o leva a decidir que seria ele a desonrar a menina, como vingança contra a mãe. Enquanto isso, outros casos e situações nos são apresentados, demonstrando a frieza destes dois personagens principais que de mocinhos não tem nada.
Não é mesmo engraçado consolar contra e a favor, ser o único agente de dois interesses diliteralmente opostos? Eis-me aqui, igual à divindade, acolhendo anseios opostos dos cegos mortais, sem em nada alterar meus imutáveis decretos.Da Marquesa de Merteuil ao Valmont - pág. 166
Esse é o tipo de livro que é impossível ler impassível e sem demonstrar sentimentos. Os personagens são bem complexos, porém, Visconde de Valmont e da Marquesa de Merteuil são dois que realmente nos dão nojo, devido à capacidade de dissimular, manipular e destruir tudo e todos a sua volta. A marquesa, em especial, é a mais cínica de todos, uma vez que ela não perde oportunidade de manipular até mesmo o próprio visconde. Porém, é impossível não se prender aos acontecimentos narrados nas cartas trocadas entre os dois.
Como disse no início, esse foi um livro que realmente me dividiu. Eu adoro a história, e a leitura foi enriquecedora, ao relatar muitos outros casos de manipulação dos protagonistas/antagonista do que as adaptações, que sempre focavam em Cecile e Madame de Tourvel. Porém, estamos falando de uma obra clássica, o que por si só já significa uma escrita mais arcaica. Adicione a isso o fato de que o livro inteiro é narrado por meio de cartas, e que as cartas daquela época eram muito mais formais do que a comunicação oral, e vocês tem um livro realmente formal e de difícil leitura. Eu levei muito tempo para concluir a leitura, pois só conseguia ler algumas cartas por dia.
O livro é dividido em quatro partes, e não há capítulos, e sim as cartas numeradas. Ao todo são 175, trocadas entre vários personagens, que variam entre pequenos bilhetes a extensas correspondências. A diagramação é bem simples, adotando um estilo Edição econômica, sem orelhas e com a letra confortável, mas não muito grande. Porém, a capa foi algo que realmente me incomodou, afinal estamos falando de uma obra clássica, do século XVIII, e a capa escolhida retrata um casal moderno em instalações modernas. Realmente não combinou.
Uma curiosidade interessante, que está na sinopse postada acima e na Introdução do livro, é a possível influência dessa obra na Revolução Francesa. Alguns historiadores e também Estudiosos literários consideram que o livro influenciou a revolução, uma vez que corroborou com as ideias da burguesia a respeito da corrupção de valores e moral da nobreza. Ele é considerado uma das poucas obras literárias fictícia a ter tal poder e influência. Acharam pouco???
Quem deixaria de estremecer ao pensar na desgraça que uma única relação perigosa pode causar? E quanta dor não evitaríamos refletindo melhor a respeito? Que mulher não fugiria ante as primeiras palavras de um sedutor? Que mãe poderia, sem estremecer, ver qualquer pessoa, além dela mesma, falar com sua filha? Tais reflexões tardias, porém, só ocorrem depois dos fatos.Da Sra. de Volanges à Sra. de Rosemonde - pág. 459
Essa é uma história que eu acho que vale a pena ser conhecida, porém, não recomendo a pessoas que não tem hábito de ler livros clássicos ou mais formais. Comecem por outros mais leves, antes de chegar a esse, para se habituar.
Beijos
Um livro antigo, uma história antiga, mais que facilmente poderia ser adaptado para os dias de hoje. Manipulação é algo que vimos todos os dias.
ResponderExcluirAdorei ver um livro tão diferente nos blogs que visito.
Beijinhos, Helana ♥
In The Sky, Blog / Facebook In The Sky
Já tinha visto alguma coisa dele, acho que era série...é familiar, mas não tenho certeza.
ResponderExcluirE parece ser bem interessante, tem uma história e tanto. Ainda mais por ser de cartas, achei bem interessante por já ter visto livros atuais com essa ideia, esse tipo de texto. Mas como é mais antigo dá pra ter uma leitura diferente, sendo as cartas formais e a escrita tão mudada. Não sei se seria cansativo e difícil de ler pra mim porque tenho um certo fascínio por aquela linguagem antiga e cheia de detalhes e acabo me jogando nesse tipo de livro. Fiquei interessada em ler.
Eu assisti um capitulo da mini-série que a globo fez inspirada nesse livro e gostei bastante! Porém, como não tenho hábito de ler clássicos, não vou gostar se pegar pra lê-lo agora. Como você sugeriu, eu ainda estou "engatinhando" em relação aos clássicos, mas daqui um tempo com certeza vou realizar essa leitura. Não sabia que ela teve essa influência tão grande na Revolução Francesa, me interessei mais.
ResponderExcluirOi Bruna!
ResponderExcluirEu gosto muito dos clássicos e ainda não li o livro, apesar de já ter ouvido falar. Adorei a sua resenha e fiquei super curiosa para saber o que os personagens fazem que te deixaram irritada com eles.
Vou adicionar à minha lista de leitura para descobrir.
Beijos!
Valeu a dica.
Karla Samira
www.pacoteliterario.blogspot.com.br
Oi Bruna!
ResponderExcluirEu gosto muito dos clássicos e ainda não li o livro, apesar de já ter ouvido falar. Adorei a sua resenha e fiquei super curiosa para saber o que os personagens fazem que te deixaram irritada com eles.
Vou adicionar à minha lista de leitura para descobrir.
Beijos!
Valeu a dica.
Karla Samira
www.pacoteliterario.blogspot.com.br
eu já vi Segundas intenções e gostei muito. Pelo que você falou do livro, o filme me pareceu ter sido bem fiel.
ResponderExcluirMas não sei se leria, pelo tipo de linguagem. Não costumo ler clássicos. Embora esse seja um que sempre me atraiu
abraços
Oiie,
ResponderExcluirConfesso que não conhecia a obra, nem vi nenhuma das adaptações dela, mas fiquei bem interessada em ler, sei o quanto é difícil ler clássicos, mas eu gosto deles, demoro para ler mais leio hahahhaha irei colocar As Relações Perigosos na minha lista.
Beijos *-*
Oi!
ResponderExcluirConheci essa historia recentemente, mas ainda não li o livro e gostei bastante da historia com certeza temos personagens bem complexos e uma historia bem interessante mas ainda não sei se irei ler pois essa escrita mais rebuscada acaba me desanimando !!
Bruna lindona pelo visto esses personagens vão me irritar pela dissimulação em si, e a falta de caráter, como ainda não estou em clima de me irritar, vou deixar para ler em outro momento. beijos
ResponderExcluirJoyce
www.livrosencantos.com
Achei bem interessante, porém vou seguir seu conselho e começar por livros mais leves. Não tenho habito de ler livros formais ou literatura clássica. Vou deixar para ler o livro em outra ocasião.
ResponderExcluirNão sou fã de clássicos devido a escrita difícil, li Madame Bovari e não gostei achei difícil muitas palavras não fazia ideia do significado algumas tinha no rodapé e outras não. Mas o livro parece ser interessante onde tem duas pessoas sem escrúpulos que se divertem em destruir a vida dos outros só por prazer. Concordo essa capa não tem nada a ver.
ResponderExcluirOi Bruna... desde que a história chame a minha atenção não ligo que seja clássico e apesar de até ter curtido o enredo... porque pelo que percebi esses dois são manipuladores e não prezam ninguém.... mas a narrativa em forma de carta, não me cativou para a leitura não... mas eu gostei muito de como escreveu a resenha e a maneira sincera como trouxe o resumo da história... Xero!
ResponderExcluirEu gosto de clássicos, por mais que tenham a leitura mais difícil, mas o meu problema com esse é o fato de ser narrado por cartas. É algo que realmente não gosto e que torna a leitura arrastada para mim, então sempre acabo deixando esse tipo de livro de lado. Mas acredito que a história seja mesmo interessante e enriquecedora.
ResponderExcluirBeijos!
Olá Bru tudo bem, sempre tive vontade de ler esse livro, ele é uma leitura bem madura, e os personagens são marcantes, sua resenha me deixou bem interessada.Bjs
ResponderExcluirEsse é um daqueles livros clássicos que a gente não tem como deixar de ler. Eu o fiz uma vez, e confesso que também tive algumas dificuldades com relação à linguagem, não só por ser antiga, mas também pelo rebuscamento que o autor tanto utiliza. Mas o enredo realmente vale a pena algum esforço, porque é grandioso, cheio de intrigas, segredos, traições e reviravoltas. De prender o fôlego do início ao fim!
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirFiquei sabendo que tinha o livro um dia desses, não tenho hábito de ler livros assim, acho que como você citou eu teria que começar com um mais simples pra poder depois ler esse, mas a premissa da história é muito boa, não é a toa que é um clássico.
Bjss