[leitura comentada] O Segredo, Julie Garwood

O Segredo, Julie Garwood
Livro 1 da Serie Highlands' Lairds (Senhores das Terras Altas)





Sinopse: Judith Hampton era tão bela quanto orgulhosa, tão intencional quanto leal. Uma querida amiga escocesa de sua infância estava prestea dar à luz, e Judith tinha prometido estar a seu lado. Mas havia outra razão para a viagem de sua casa até a desolada Highlands: encontrar o pai ela nunca tinha conhecido, o Laird Maclean... Mas nada a preparou para a visão do bárbaro Escocês que ia escoltá-la.... Iain Maitland, Lorde de seu clã, o homem mais poderoso e atraente que jamais tinha encontrado. Em um confronto de vontades e costumes, Judith se divertiu no êxtase do beijos,e carícias apaixonadas de Iain. Perplexo com sua natureza suave, Iain sentiu em sua alma crescer o calor e luz de seu amor. Certamente nada poderia deturpar o carinho e a confiança de Iain e seu clã... nem mesmo a verdade sobre seu pai, um segredo devastador que poderia quebrar a aliança mais arriscada e, o mais glorioso dos amores.



Título original: The Secret

Lançamento: dezembro/1992
Nota (Skoob): 5/5 

O livro pode ser adquirido, em inglês, pela livraria Saraiva






Hoje vou começar a falar de uma das minhas séries históricas favoritas, a Série Highlands' Lairds (Senhores das Terras Altas) de Julie Garwood. Eu simplesmente adoro os livros históricos da autora, que já entrou pro topo da minha autora favorita de históricos. Mas entre todos os seus livros, essa série tem um lugar especial no meu coração.





Livros:

O segredo (The Secret)

O Resgate (Ransom)

Música sombria (Shadow Music)






Leitura Comentada - O Segredo




Eu já li esse livro umas quatro vezes, e ele sempre me encanta. E o que eu mais gostei foi que a trama tem início com um grande amor, mas não um amor romântico, de um casal, como ocorre na maioria dos livros. É o amor entre duas amigas, irmãs de alma, capazes de tudo uma pela outra.



Frances Catherine, escocesa, e Judith, inglesa, se conheceram quando eram crianças, em uma época marcada pela rivalidade, e mesmo ódio, entre escoceses e ingleses.



"Elas se tornaram amigas antes de ter idade suficiente para compreender que deviam se odiar."

Prólogo



Essa foi a primeira frase do livro, e o que segue é a história de uma linda e profunda amizade. Bom, como visto na sinopse, a trama envolve o relacionamento entre Judith e Ian, um laird (senhor feudal escocês) de seu clã. Mas do início ao fim do livro vemos o quanto as duas são amigas, leais e se adoram.





A história por trás do romance




No prólogo temos o dia em que as meninas se conheceram, no festival anual na fronteira entre Escócia e Inglaterra, onde esses dois povos se relacionavam melhor e sem tantos preconceitos.



Aos poucos vamos conhecendo um pouco sobre as meninas. Frances Catherine é a caçula e única filha mulher de seu pai. Tanto a mãe, quanto a avó morreram no parto, e esse se revela, futuramente, o maior medo da jovem, o de também morrer no parto. Ela é amada, e até mesmo muito mimada pela família e tem um pai carinhoso. Ela vivia nas Terras Baixas (região da Escócia mais próximo a fronteira com a Inglaterra, e onde a rivalidade entre ingleses e escoceses era um pouco menor), mas foi prometida a um cavalheiro das Terras Altas, Patrick, o irmão de nosso mocinho.



Já Judith teve uma vida sofrida. Cresceu acreditando ser órfã de pai (e o motivo do título do livro é o Segredo que ela guarda em relação a seu pai), a mãe só se preocupava com a vida (farrista) na corte inglesa, e foi criada por um tio alcoólatra que a agredia. Seus únicos momentos felizes era os seis meses que passava na casa dos tios Herbert e Millicent, a quem amava como pais, na fronteira com a Escócia. E era durante esses meses que ela cultivava sua amizade com Frances Catherine, até que esta se mudou com a família quando as meninas eram adolescentes.



O medo de morrer no parto era tanto, que Frances Catherine fez a amiga prometer que iria estar a seu lado quando fosse ter um filho. E sabendo que a amiga pediu isso para não morrer sem seu apoio, porque verdadeiramente acreditava que iria morrer, Judith, com a ajuda de sua tia Millicent, passou boa parte sua juventude descobrindo o máximo que pode sobre gravidez e parto, e técnicas utilizadas. E esse foi um dos muitos motivos que me levou a admirar a personagem, porque, Hellooooo, estamos falando do ano de 1.200! Uma época em que higiene nem devia existir no dicionário, as mulheres eram consideradas inferiores, e uma mocinha virgem nunca, nunquinha mesmo, poderia nem sequer conversar sobre um assunto tão íntimo quanto um parto, quanto mais estuda-lo e ajudar fazer um!!!! Vai ser corajosa lá em Marte, viu Judith!!!



-Todos temos curiosidade por saber por que Frances Catherine mandou buscar -disse Alex uma vez que Judith se controlou.

Judith assentiu.

-Já que vocês não me conhecem bem, vou ter que lhes confessar alguns de meus maiores defeitos, para que compreendam. Sou muito obstinada e também arrogante, embora em realidade não tenho absolutamente nada que me dê motivos para ser arrogante. Sou perversamente possessiva... mencionei-lhes esse defeito?

Todos menos Iain negaram com a cabeça. Entretanto, Judith fixou o olhar no líder. Os olhos do Iain tinham cobrado um brilho quente. Era desconcertante que um homem tão de aparência agradável lhe desse toda sua atenção. Teve que obrigar-se a desviar o olhar dele para poder concentrar-se no que estava dizendo.

Judith fixou o olhar em seu colo.

-Bom, sou possessiva – sussurrou -. Frances Catherine também conhece bem minhas muitas imperfeições. A verdade é que conta com elas.

- por que? -perguntou Brodick.

- Porque ela acredita que vai morrer - explicou Judith. Deixou escapar um suspiro antes de acrescentar - E eu sou muito obstinada para deixar isso acontecer.

Capítulo 02



Essa fala da Judith poderia ser vista como uma blasfêmia na época, um desafio a Deus, rs.





Eta casal fofo



E é por meio dessa linda amizade que Judith conhece nosso mocinho MegaSuperPower másculo, possessivo e mandão (mas que se derrete todo por ela, rs)!



Iain Maitland, mesmo sendo o lord de seu clã, lidera pessoalmente o grupo que vai a Inglaterra buscar Judith, para que seu irmão Patrick, marido de Frances Catherine, ficasse com a esposa grávida. Mas ele vai contrariado, porque, assim como Patrick e os outros homens que compõe a comitiva, eles não acreditam que Judith desejará manter a promessa feita a amiga tantos anos antes, já que, sendo inglesa, não deve ter palavra, honra, caráter, etc, etc e etc, rs. Então imaginem a surpresa desses machões, ao chegar a propriedade dela esperando receber uma recusa, a encontram na entrada, pronta para acompanha-los e cheia de presentes para a amiga e o bebê???



Ian começa a se interessar por Judith já nessa viagem, e a passa também a admira-la, principalmente por sua lealdade e corajem.



"Senhor, realmente era uma beleza. Malditamente inocente, também. A maneira como se ruborizava ante cada pequena coisa era muito significativa. Também era encantadora.

Esta mulher poderia lhe chegar ao coração. Iain ficou tão consternado ante essa súbita ideia que quase empalideceu."
Capítulo 02



Ao chegar ao clã, Judith é rejeitada por seus membro, que não confiam em ingleses. Mas ela faz uns poucos amigos, mas após ser bem sucedida em um parto, que faz como uma forma de ganhar experiencia para ajudar a amiga, ela vai ganhando o carinho de mais e mais membros, principalmente das mulheres, principalmente porque as gravidas passaram a preferi-la à antiga parteira terrorista e maldosa do clã, que também se sentia a poderosa, pois acreditava que Ian se casaria com sua filha.



Ou seja, essa nossa mocinha apesar de inocente e as vezes ingenua, é forte, corajosa e destemida. Ela ganha o carinho e admiração do clã, mesmo sendo inglesa, o que pra eles era o mesmo que um insulto, rs. E ganha também vários admiradores, dentre eles o guerreiro mais feroz e mal-humorado de Ian, o meu querido Brodick (que é o mocinho do segundo livro). Mas o Ian viu primeiro e era o líder! Literalmente falando, porque o Brodick chega a perguntar se o Ian iria reclama-la como sua (olha que bárbaro! rs), porque senão ele o faria, rs.



A relação entre os dois é linda, e vai se desenvolvendo num rítimo bacana. Nada daqueles arrombos de possessividade repentina do mocinho, que do dia pra noite reivindica a mocinha como sua e pronto! Ela o irrita e o encanta igualmente, e bate de frente com ele quando necessário. Mas ao se perceber apaixonada por ele, Judith tenta se freiar, porque tem medo que ele descubra que na verdade ela é filha do Laird Maclean, um dos maiores inimigos do clã de Ian. Mas Ian não permite, e a cena do casamento deles chegou a ser cômica, com ele dando ordens, os anciãos do conselho do clã falando ao mesmo tempo, e ela tonta sem saber direito o que estava acontecendo!






Sem medo de contestar e questionar




Foi legal também observar o peso das questões religiosas, e o quanto a Igreja era machista e cruel (para não dizer sacana, rs) com as mulheres naquela época. Essa, aliás, é uma características dos romances da autora, que sempre traz mocinhas fortes e destemidas, que questionam a moral e valores de sua época, rs.



Judith questiona várias práticas da época que eu nem sabia que existiam quando li o livro pela primeira vez (fiz uma pesquisa pra ver se eram verdade, e achei algumas, então imagino que todas realmente aconteciam, credo. Para ler um pouco sobre obstetrícia na idade média, clique aqui). Vamos ver algumas:



- A prática de enfiar coisas tipo ervas, cinzas e mesmo terra no canal vaginal após o parto, para ajudar a fechar. Ela aprendeu a NÃO fazer isso com uma parteira idosa que lhe ensinou muitas coisas, como por exemplo a limpar bem a mãe após o parto e ser higiênica, rs.



- A dor do parto, como uma forma da mulher se redimir pelo pecado original. Judith não chega a questionar isso, mas ela fica revoltada quando a parteira do clã (e mãe de sua rival) acusa uma jovem de quem Judith fez o parto de ter tido um filho do diabo só porque ela não gritou durante o nascimento da criança! PodeEsso!!! Se ainda fosse assim, imagina quantas mulheres não seriam queimadas na fogueira hoje por terem bebês anestesiadinhas e felizes (na medida do possível, rs)!!!!




- Ela questiona até o lugar no céu, rs. Nessa as mulheres não podiam entrar numa igreja durante a gravidez, porque eram consideradas impuras. E só poderiam passar pelo ritual de purificação 33 dias após o parto se tivessem um menino, mas se fosse menina tinham que esperar o dobro do tempo! Se a mulher viesse a falecer nesse período, ela não poderia ser enterrada em solo consagrado, e acreditava-se que iriam para o inferno. Judith questiona isso com unhas e dentes, diz que é injusto, já que a função da mulher seria casar e ter filhos, e se ela morreu justamente ao cumprir com seu dever, não devia ser punida por isso. Essa passagem é interessante, porque mostra o quanto nosso mocinho é mente aberta, já que ele é o único a ouvir o que na época seria blasfêmia e heresia.


"- Acha que elas estão no inferno?
Iain levantou uma sobrancelha ante a veemência da voz deo Judith.
- De quem está falando?
- Das mulheres enterradas aqui - replicou fazendo um gesto com a mão (eles estavam onde eram enterrados os condenados pela Igreja). Ela não lhe deu tempo para responder. - Eu não acredito que estejam no inferno. Morreram cumprindo seu sagrado dever, maldição. Sofreram com os dores de parto e morreram ao cumprir com sua obrigação para com seus maridos e sacerdotes. E para que, Iain? Para arder no inferno por toda a eternidade porque a Igreja não acreditava que eram o suficientemente puras para ir ao Céu? Isso é um absurdo   - acrescentou com um áspero sussurro. - Se esta opinião me converter em uma herege, não me importa. Não posso acreditar que Deus seja tão cruel.
Iain não sabia o que dizer. A lógica lhe dizia que ela tinha razão. Era um absurdo. Na verdade, nunca se havia parado para pensar nesses assuntos.
- A obrigação de uma mulher é dar herdeiros a seu marido, verdade?
- Sim - concordou Iain.
- Então, por que não lhe permite entrar em uma igreja do momento em que se descobre que está esperando um filho? Não a considera pura, não é assim?"
Capítulo 08


Eu realmente amo esse livro. Amo essa série (da qual o 2º é meu favorito), e acho que é uma ótima dica para passar o tempo, se emocionar, rir e chorar. Para quem curte históricos, de preferencia um bem feito, não perca!


Um castelo nas Terras Altas escocesas (Highlands)

Fonte da imagem: site Will to go






Nenhum comentário

Postar um comentário

Obrigada pela visita, e volte sempre!
Comente, opine! Cometários são sempre bem vindos

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...