Uma Questão de Gêneros #5 - Literatura Erótica

A coluna Uma Questão de Gêneros de hoje traz um dos gêneros mais vendidos do momento: a Literatura Erótica.

Literatura Erótica

Desde o chamado Fenômeno Cinquenta Tons de Cinza, a literatura erótica entrou em voga e está arrebentando nas vendas. Nas listas dos livros mais vendidos, seja nacional ou internacional, sempre tem mais de um representante do gênero. Então vamos a algumas definições:

A literatura erótica é o gênero literário que utiliza o erotismo em forma escrita, para despertar ou instruir o leitor sobre as práticas sexuais. Pode também ser chamada de literatura pornográfica, se as cenas sexuais são realmente muito explícitas. Em sua maior parte utiliza-se do gênero literário romance, embora alguns dos grandes clássicos eróticos estejam em forma de conto ou poesia.

Wikipedia

Esse é um tipo de literatura que sempre existiu, mas que era e continua a ser um tabu, e muitos leitores do gênero ainda ficam na sua, com medo das duras críticas que podem receber. Entretanto, no ano passado observamos a literatura erótica entrar na moda e em discussão, depois da sucesso mundial da Trilogia Cinquenta Tons de Cinza, de E.L. James. Segundo publicação do jornal O Estado do RJ, a última vez que presenciou-se esse fenômeno de sucesso e atração do erótico assim foi há exatos vinte anos, em 1992, com o lançamento do álbum com livro Erotica da Madonna, e também com a adaptação mais sensual para o cinema do livro Drácula, de Bram Stoker.

Considerando que esse romance tem feito mais sucesso entre as mulheres, isso pode indicar que, apesar da revolução sexual nos anos 60 e da liberdade de comportamento que existe hoje, o tabu faz parte do sexo e no momento são as mulheres que querem assumir o discurso da sexualidade, contra a imposição do que é certo ou errado na visão predominante, ainda essencialmente machista.

Livros e ideias

Entretanto, apesar de todo o sucesso atual e dos novos títulos que não param de aparecer, ainda há certo receio e preconceito envolvendo o tema.

 

Fonte da imagem: Sobre a vida

Eróticos para todos os gostos

Dentro do gênero há vários tipos de livros. Mas um detalhe importante aqui, isso não é nada oficial, são apenas minhas observações em relação aos livros que já li do gênero, e também o que percebi dos textos que li para fazer a coluna.

Há aqueles que são puramente eróticos, sem uma história minimamente elaborada. São simplesmente sexo por sexo e beiram, ou caem de cabeça, o pornográfico. Não estou me lembrando de nenhum exemplo no momento, pois nunca li um assim, mas já deixei de ler alguns  por ter lido em algum blog ou grupo literário que o livro não tinha história nenhuma, era só sexo mesmo, o tempo todo. Acredito que podem entrar aqui os contos eróticos, que não ficam enrolando e romantizando nada e já vão ao ponto, rs.

Há os manuais e tratados sexuais, dos quais o mais famoso possivelmente seja o Kama Sutra.

Há aqueles romances essencialmente eróticos, mas com uma história como pano de fundo, e tendo como foco principal o casal principal e sua relação sexual.  Geralmente são romances (românticos, rs) e há uma história, muitas vezes abordando problemas passados dos protagonistas. Mas, mesmo assim, boa parte das páginas do livro é recheada por um verdadeiro 'rala e rola', rs, e eles usam e abusam de cenas super descritivas e geralmente bem longas também. Representam esse tipo os livros 50 Tons de Cinza, Toda Sua (Sylvia Day), Porque você é minha (Beth Kery), Butterfly (Kathryn Harvey), Cretino Irresistível (Christina Lauren), dentre muitos outros.

E há também aquelas histórias mais complexas, que não envolvem apenas o relacionamento do casal, e muito menos apenas o seu relacionamento sexual, embora sejam tramas beeeem hot, com cenas pra lá de calientes e super descritivas. Esse seria o caso das séries Irmandade da Adaga Negra e Fallen Angels, ambas de J.R. Ward, e Midnight Breed, de Lara Adrian, que são todos romances sobrenaturais com um foco muito grande nas sociedades retratadas, seus problemas e missões, e que tem a questão sexual como um elemento forte e importante da trama, mas não seu foco principal.

Abordando temas polêmicos

Encontram-se, também obras que abordam temáticas normalmente proibidas ou  socialmente, como pedofilia, o incesto e a submissão.

O próprio Cinquenta Tons de Cinza traz o polêmico BDSM (vertente do Sadomasoquismo). Mas essa abordagem não me convenceu, porque além de muito superficial, a autora apresentou o tema uma doença, transtorno sexual e perversão. Bom, eu não encararia uma relação assim, mas essa é minha opção pessoal, e acho preconceito condenar o comportamento como doença.

Segundo o Wikipédia,

BDSM é um acrônimo para a expressão "Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo" um grupo de padrões de comportamento sexual humano. O BDSM tem o intuito de trazer prazer sexual através da troca erótica de poder, que pode ou não envolver dor, submissão, tortura psicológica, cócegas e outros meios. Por padrão, a prática é provocada pelo(a) Dominador(a) e sentida pelo(a) Submisso(a).

Além dos livrinhos da tia E.L. James, outros abordando o tema são: A série A Submissa, de Tara Sue Me (que foi a fonte de inspiração para nosso 50 Tons); O Diário de uma Submissa, de Sophie Morgan (pelas resenhas que já vi, esse é um livro que não leio nem morta, rs) e outros.

Já em relação à pedofilia, acho que um dos maiores exemplos é sem dúvida Lolita, clássico da literatura erótica do escritor russo Vladimir Nabokov. Confesso que esse é um livro que eu não li, e nem tenho muita intenção de ler. Já achei o filme muito forte, e nele a Lolita devia ter uns 15 anos, enquanto no livro só tem 12! Conheço meus limites, então, esse eu passo, obrigada! :)

No final das contas, cada um lê o que quer

Essa é minha opinião, cada um lê o que quer e pronto!

Conheça os seus limites, e evite o que não curte. Eu, por exemplo, sei que não dou conta de livros que tenham cenas pesadas com crianças, então passo longe, e também não curto os BDSM pesados.

Muita gente não lê eróticos porque não gosta. Parabéns por reconhecer isso e não se forçar a entrar numa modinha! Mas outros não leem por preconceito ou medo do que outras pessoas vão pensar, e tem os leem escondido e não assumem por vergonha.

Sinceramente, tenho preguiça desses preconceitos literários. Leia o que te dá vontade. Não leia o que não quer ou o que não te faz bem. Mas não deixe de ler ou tentar conhecer algo só por achar que os outros te criticariam por isso.

Bom, então é isso, e espero que vocês tenham gostado.

E aí, quem mais assume que curte o gênero? :)

Beijos

~.~.~.~.~

Confira as outras postagens desta coluna:

Uma Questão de Gêneros #1 – YA e NA

Uma Questão de Gêneros #2 – Distopias e Steampunk

Uma questão de gêneros #3 – Chick lit

Uma Questão de Gêneros #4 – Sick Lit