Olá pessoal, tudo bem?
O pessoal da Editora Belas-Letras fez uma entrevista bem legal com Isadora Becker, autora do livro Doces de Cinema. Confiram!
Doces de Cinema
Assunto: gastronomia, cinema
Número de páginas: 144
Estrelando 40 receitas de doces imperdíveis, diretamente do canal de sucesso do Youtube Gastronomismo: bolos, tortas, brownies, folhados, mousses, trufas, sorvetes, croissants, panquecas e deliciosos atores coadjuvantes. Participações especiais de Harry Potter, Audrey Hapburn, Uma Thurman, Matilda, Valente, entre outras. Curta nas melhores livrarias!
Belas-Letras: De onde vem a paixão pelo cinema?
Isadora: Sou filha única, então, desde criança, os filmes me fizeram companhia. E aprendi muito com eles também! Desde viagens ao fundo do mar com a Pequena Sereia até filmes históricos… Se eu tinha uma dúvida, minha mãe me fazia abrir uma enciclopédia para ler sobre o que havia perguntado. Aos poucos, fui tendo nos filmes novos horizontes, mesmo que sentada no sofá. Da mesma maneira que os livros te transportam para outras realidades, os filmes têm o mesmo poder.
Nos tempos de locadora, eu era assídua em uma, sempre trocando ideias com o dono, que já tinha virado meu amigo. Acho que eu alugava, pelo menos, três filmes por semana. Aos poucos fui conhecendo títulos de diferentes épocas e diferentes lugares. Hoje, não passo uma semana sem!
BL: Tens alguma receita favorita?
Isa: É difícil definir uma receita favorita. Eu gosto de preparar e comer tantas coisas diferentes que não tenho muito como escolher uma que eu mais goste. Mas sempre inovo molhos para massas, por morar sozinha. Aproveito todos os ingredientes que tenho à disposição. Os restinhos de coisas que sobram da gravação me salvam de uma ida ao supermercado pelo menos uma vez por semana!
BL: Como acontece o processo de criação de uma receita de doce? Você assiste ao filme e reproduz até chegar à versão ideal?
Isa: Em geral, os doces que aparecem em filmes já são bem identificáveis (embora tenha demorado bastante para identificar o folhado dinamarquês que aparece em Bonequinha de Luxo). O que faço é buscar as receitas tradicionais, em geral na língua original, e tentar adaptar de uma maneira que seja menos complicada para o público, sem balanças de precisão nem conhecimento de um confeiteiro. Assim, transformo peso em xícaras, testando até obter o resultado mais fiel possível ao que aparece no filme. E, claro, sem esquecer o sabor!
BL: Como escolher os ingredientes certos? E adaptar os que não têm no Brasil?
Isa: Escolhemos sempre receitas que são possíveis de reproduzir aqui no Brasil. Se há um ingrediente essencial que não temos acesso aqui, ou que seja muito difícil de conseguir, optamos por não ensinar. O objetivo é sempre fazer com que os espectadores façam a receita na sua casa, podendo experimentar um doce ou prato que só haviam visto na televisão ou tela de cinema. De vez em quando usamos ingredientes que são mais complicados de achar em cidades pequenas, como fava de baunilha, mas sempre deixamos claro que é possível substituir por essência, mesmo que o sabor não fique exatamente o mesmo. Em vez de desencorajar o espectador, essas sugestões trazem uma curiosidade gastronômica essencial para quem gosta de cozinhar.
BL: Desde quando você quis ser cozinheira?
Isa: Eu cozinho desde criança, porém o desejo de ser uma profissional da área veio só depois de ter cursado a faculdade de Letras por quase dois anos. Não me sentia completa estudando línguas e literatura, queria a possibilidade de criar e aprender a criar. O estalo veio ao me dar conta de que, nessa época, juntava meus amigos todos os finais de semana para cozinhar para eles. Ainda morava com a minha mãe, que tem na cozinha seu grande refúgio depois de um dia intenso de trabalho, então não tinha a oportunidade de cozinhar durante a semana. Então, quando o gato saía, o ratinho (eu) tomava conta. Depois disso, fiz o curso de Cozinheiro Básico do Senac, para provar para ela que era isso mesmo que queria fazer da minha vida. Assim que me formei no Senac e trabalhei por dois meses em uma cozinha, a convenci e entrei na faculdade de Gastronomia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
BL: Além dos filmes, quais são as suas maiores inspirações?
Isa: Sou uma pessoa bastante sinestésica. Adoro imaginar combinações diferentes de sabores ouvindo música. Meu trabalho de conclusão de cozinha na faculdade foi traduzir minhas 10 músicas de jazz preferidas em 10 serviços. Foi um trabalho intenso, porque quis procurar não só na sonoridade da música, como na história dos autores/cantores inspirações para os pratos. Fiquei muito nervosa expondo essa minha face numa avaliação tão importante, mas tive uma imensa satisfação em passar dias pesquisando ingredientes e combinações para conseguir contar o que sentia ao ouvir essas canções.
Além da música, sou fã de literatura policial e, para a minha felicidade, existem dois autores que combinam muito bem as narrativas de detetives com a comida: o siciliano Andrea Camilleri e o catalão Manuel Vásquez Montalbán. Vindos de lugares extremamente conectados com a magia da alimentação e gastronomia, ambos conseguem trazer páginas que deixam o leitor babando em cima do papel.
BL: Já existiu alguma receita que você recriou, porém não ficou satisfeita e descartou? Qual?
Isa: Um fator importante para um cozinheiro é saber que, embora possa não gostar muito de um ingrediente, os comensais podem ser fãs. Algumas receitas podem ter um sabor que não me agrada pessoalmente, mas como profissional, sei que está feito de maneira correta e que vai agradar ao público. Porém, já experimentei receitas que não tiveram um bom resultado, por proporções erradas ou processos que não deram certo. Com essas, testei e adaptei até obter o que queria. Com a experiência na cozinha, depois de um tempo, esses erros já são bem menos comuns, pois conseguimos detectar algum problema em uma receita antes mesmo de testarmos. Mas como ninguém é de ferro, algumas vezes já esqueci de verificar a validade de um fermento em pó e acabei com um bolo abatumado.
BL: Por que este livro de receitas é diferente?
Isa: Os doces, em geral, têm uma relação bastante íntima com cada um. Em tempos de restrições alimentares, eles se tornaram uma travessura na vida das pessoas. Trazer receitas de doces de filmes faz com que essas travessuras se transformem em uma extravagância no dia a dia, um mimo especial. O bolo de chocolate que seria apenas um doce vira O Bolo de Chocolate da Matilda, que muitos de nós já sonhamos em comer na infância. De alguma forma, essas receitas podem fazer os nossos grandes desejos gastronômicos se tornarem realidade.
BL: Qual é o seu filme favorito e por quê?
Isa: Tenho muitos filmes favoritos. Desde os de infância aos de adulta. Mas para eleger um, vou ter que dizer Mary Poppins. A frase “uma colher de açúcar faz o remédio menos amargo” (tradução livre) me marca tanto que até tatuei uma colher de açúcar. Eu acredito que um pouco de doçura faz com que a vida fique mais gostosa.
BL: Como é o retorno do público quanto aos doces? O que eles costumam comentar com você?
Isa: Como disse antes, os doces são sempre especiais. Essa característica de travessura dá ainda mais encanto para as sobremesas. Quem ainda não tem tanta desenvoltura na cozinha e não precisa cozinhar no dia a dia acaba preferindo as receitas açucaradas para fazer no fim de semana. E como sempre dou preferência para receitas de preparo menos complicado, os resultados são bem positivos em geral.
BL: Como surgiu a ideia de cozinhar fantasiada?
Isa: Desde o princípio do Gastronomismo gostamos de adequar o figurino com a receita, para criar um ambiente que seja convidativo para o espectador. E, claro, desde criança, adorei me fantasiar. Com o Comida de Cinema tivemos carta verde da Tastemade Brasil para fazermos como quiséssemos, mesmo que parecesse uma loucura no início. Formatamos então um programa no qual poderia juntar minhas grandes diversões: cozinha, cinema, cabelo/maquiagem e fantasias. É um desafio com algumas, mas com um pouco de paciência e criatividade, sempre se consegue!
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Os vídeos da Isa são demais! Com certeza vou comprar o livro.
ResponderExcluirAbraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Não conhecia a autora ou os seus vídeos, mas amei a entrevista. Admito que não pensei que me interessaria inicialmente, já que o foco gira em torno da culinária e não existe pessoa pior que eu pra isso, mas me surpreendi!
ResponderExcluirA entrevista está ótima, adorei as perguntas e ainda mais as respostas da autora, achei genial o modo como cria e adapta receitas, como traz para o dia a dia guloseimas que já fizeram muitos de nós babarem ao ver nos filmes. Ela é bem criativa, ao meu ver. Não conseguiria nunca criar 10 serviços com base em 10 músicas de jazz! Tento imaginar e não faço ideia de como foi esse processo para ela, mas certamente foi criativo.
Fiquei ainda mais surpresa ao ver que ela cozinha fantasiada, deve ser muito divertido assistir, ainda mais para quem adora cozinhar e aprender novas receitas. Bateu uma vontade de comer um doce agora!
Abraços
Oi!
ResponderExcluirNão gosto de livros culinarios já que sou uma negação na cozinha mas me interessei muito pelo livro da isa, ainda não a conhecia mas adorei essa relação das receitas com os filmes !!!
Oi!
ResponderExcluirNão gosto de livros culinarios já que sou uma negação na cozinha mas me interessei muito pelo livro da isa, ainda não a conhecia mas adorei essa relação das receitas com os filmes !!!
Oii!!
ResponderExcluirNão sou tão fã de livros de culinaria já que são poucas as coisas que consigo fazer na cozinha kkk Mas adorei a entrevista e só de ler a entrevista já me deu vontade de comer :))
Beijoss
O assunto doces muito me interessa pq eu tb amo gordices kkkkkkk
ResponderExcluirAgora, doces de filme??? Que parada interessante! Não sabia que tinha isso por aí, não conhecia os vídeos, mas corri pra ver um agora. na entrevista, achei legal o cuidado de pensar se os ingredientes podem ser encontrados aqui no Brasil e/ou substituídos por algo bem parecido. Bom, no final das contas, fiquei bem interessada no bolo de chocolate da Matilda hein.. Belo vídeo!! Belo bolo!!!! hahahaha sou uma verdadeira chocólatra, confesso, rsrs
Nunca prestei atenção a nenhuma comida de filme,mas uma coisa eu digo ela tem paciência pq deve ser difícil mesmo identificar a comida.
ResponderExcluire outra eu quero o bolo da capa deve ta gostoso.
Olá!!
ResponderExcluirEu tinha visto já essa entrevista e achei muito interessante, eu não sou muito de comer doce, mais sei que pra quem gosta de versificar e surpreender nas sobremesas essa é uma ótima pedida, muito bacana.
Bjocas
Nunca assisti aos vídeos dela, mas a entrevista me deixou com vontade de conferir. Além disso, aquele bolo da capa ficou me chamando. haha
ResponderExcluirIsso de tirar as receitas dos filmes e trazer para o público é bem interessante. Claro, também deve ser delicioso. haha
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Oi, Bruna
ResponderExcluirAinda não conhecia esse livro, e olha que adoro receitas. Gostei muito da entrevista. É um tanto inovador essa de tirar receita de filmes, e sempre fico com água na boca vendo algumas comidas nos filmes mesmo rs
Gostei de conhecer um pouquinho e saber como ela trabalhou o livro.
livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br
Olha eu não conhecia o livro, mas adorei a ideia base do livro andai mais quando a escritora citou pequena sereia kkk Sempre me perguntava como fazia as comidas que via em filme as mas nunca procurei me aprofundar no assunto, tiro meu chapéu pra ela que veio com esse ideia super bacana e devo dizer que adorei a entrevista.
ResponderExcluirUau que bacana essa idéia de fazer doces iguais os dos filmes.Já vi muitos filmes com doces maravilhosos que bate aquela vontade de experimentar um igual.E eu não conhecia esse livro mas com certeza já o quero.Com certeza uma das receitas eu vou conseguir fazer.
ResponderExcluirEu acho o máximo a ideia de adaptar as receitas dos filmes, desde os mais clássicos até os que a gente nem sempre conhece. Confesso que esse é um dos elementos que eu quase não percebo quando assisto um longa, mas achei essa coletânea incrível, além de deliciosa, já que une duas práticas muito prazerosas pra todos os amantes de cinema e cozinha!
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