[Resenha] O Corvo (The Raven) - Edgar Allan Poe



The Raven (“O Corvo”) é talvez o mais notável poema do escritor e poeta norte-americano Edgar Allan Poe, aqui apresentado em uma edição especial bilíngue, com a tradução impecável de Fernando Pessoa ricamente ilustrada por Gustave Doré.
O Corvo é um poema notável por sua musicalidade, língua estilizada e atmosfera sobrenatural provenientes tanto da métrica exata, permeada de rimas internas e jogos fonéticos, quanto do talento singular de Poe, um dos maiores expoentes tanto do gótico quanto da própria literatura americana.

Título original: The Raven
Tradução: Fernando Pessoa
Ilustração: Gustave Doré
Publicação original: 1845
Edição bilíngue, digital, exclusiva da Amazon (compre aqui)

Olá pessoal, tudo bem?

Quem aqui já leu Edgar Allan Poe? Creio que mesmo aqueles que nunca tenham lido nada, já ouviram falar do autor, que é um grande poeta e escritor norte-americano, um dos principais escritores de contos do mundo, e considerado o pai do gênero Policial. O Corvo é sua obra mais famosa, e considerado um dos poemas mais perfeitos já escritos, por sua estrutura estética e literária. Eu não entendo da de estilos literários, não entendo de rimas e métricas, mas, mesmo assim, me encantei com a musicalidade do poema.

Como o conto é super pequeno, não há muito o que falar sobre os acontecimentos da obra. Até porque, ela é recheada de falas simbólicas e metafóricas. O conto narra a história do narrador, o Eu-Lírico, que tem sua noite de sono interrompida pela chegada de um corvo negro ao umbral de sua janela. O narrador inicia um diálogo cheio de perguntas, as quais o corvo apenas responde "Nunca Mais", ou "Nevermor", no original. O corvo é a imagem do sofrimento, da dor, da morte, e acompanhamos o desespero do narrador, que sofre pela perda de sua amada Leonor, a quem espera reencontra algum dia. Porém, o 'Nunca mais' é uma frase forte, quase uma sentença de sofrimento eterno, proferido pelo Corvo. E o sofrimento do narrador vai crescendo, expandindo, página a páginas. Quando essa dor terá fim, e ele poderá rever sua Leonor? "Nunca mais", diria o corvo.

Há algumas semanas, navegando pela Amazon, me deparei com essa edição digital bilíngue de O Corvo, por apenas 1,99 reais! Claro que comprei na hora! Essa edição conta com um prefácio que traz interpretações à obra, e uma biografia estendida do autor. Então, mesmo as pessoas que não curtem poesias clássicas não terão dificuldade de entender, devido as explicações do prefácio. Segundo o autor do prefácio, a perfeição poética de O Corvo o torna um poema difícil de ser traduzido para outros idiomas, pois é quase impossível manter a estrutura que o tornou tão incrível aos estudiosos literários. Tanto que as principais traduções para o português foram feitas por nomes grandes da literatura brasileira e lusitana, como Machado de Assis e Fernando Pessoa.

"Uma visita", eu me disse, 
"está batendo a meus
umbrais.
é só isto, e nada mais".

Eu li as duas versões, em inglês, e a tradução de Fernando Pessoa. Gostei muito da tradução, pois ficou muito bem feita, e apesar da linguagem difícil (comum a época), é compreensível. Porém, não tenho palavras para definir a versão original. Mesmo não entendo algumas palavras do inglês clássico utilizadas, eu fiquei fascinada com a sonoridade das rimas da obra.



Eu li outros contos do autor há alguns anos, e apesar de não entender muito bem algumas coisas (ele escreve difícil, kkkk), eu gosto muito do seu perfil e estilo. As obras de Poe são tensas, repletas de personagens psicologicamente perturbados, e dá margens a interpretações bem sinistras. Lembro até hoje o quanto fiquei tensa e até mesmo chocada lendo o conto O gato preto.

A obra já está em domínio público, e pode ser baixada gratuita e legalmente. O site Domínio Público disponibilizou o texto traduzido por Fernando Pessoa para download. Leiam aqui.

E vocês, já leram algo de Poe? Tem vontade?

Não deixem de comentar o que acharam.


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14 comentários

  1. Não li nada do Poe, mas conheço sua fama e tenho vontade de conferir suas obras, apesar da linguagem difícil, típica da época.
    Gostei bastante da sua resenha. O Corvo é um conto do qual ouvi muito falar, embora não entenda exatamente os termos que explicam o motivo de sua perfeição, aos olhos dos escritores.
    Abraços

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  2. Poe é um autor clássico, daquele tipo que tu não consegue parar de ler depois que começa. Eu sou completamente fascinada por seus contos e poemas, e principalmente pelo estilo que ele trabalha em cada um deles. Os personagens e suas perturbações são algo que me deixa extremamente curiosa na escrita do autor, e acredito que sejam um dos pontos fortes e comuns a todos ou à maioria dos seus enredos.

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  3. Nunca li nada dele não, apenas o conheço de nome. Apesar dos elogios, confesso que não me animo a querer ler. Não entendo nada sobre poesia e realmente não faz a minha cabeça. Acho que eu não ia conseguir aproveitar o que a obra apresenta, sabe? rsrs. Enfim, só não digo nunca né, talvez por enqto não seja o momento, quem sabe um dia?!

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  4. Já li alguns contos do autor, mas nunca li O Corvo, sua obra mais clássica. Esse é um textos que está na minha lista de leitura para o próximo ano. Só de saber que é uma obra consagrada, a leitura já me anima.
    Ótima resenha.

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  5. Olá ^^
    "The raven" é um dos meu poema favorito de Edgar Allan Poe ao lado de "Alone"

    Bjinhos,
    http://livrosentretenimento.blogspot.com.br/

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  6. Por incrível que pareça eu nunca tinha ouvido falar desse autor consequentemente não li nenhum livro dele.

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  7. Bem eu nunca li nada dele, na verdade nem conhecia o cara ate ler a sua resenha e ver a obra literária dele kkkk Mana pode ser uma leitura consagrado ou não mas eu não tenho interesse em ler o livro, eu não gostei do livro e não curto poesia kkkk Mas que bom que gostou o livro.

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  8. Oi!
    Já vi varias reverencias a obra de Edgar Allan Poe mas nunca li nada dele mas sempre tive curiosidade de dar um olhada em seus poemas e gostei de poder conhecer melhor O Corvo !!

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  9. Olá!!
    Nunca li nada do autor mais ouso falar maravilhas dos seus contos, e a claro que tenho muito curiosidade de conhecer, tenho visto falar bastante do "Corvo" ultimamente e pretendo começar a ler os contos do autor por esse que é tão elogiado.
    Bjocas!!

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  10. Oie
    Eu nunca li nada do escritor e se li não lembro que era dele.Esse conto deve ser mesmo bom,e olha que eu nem curto tanto assim esse gênero literário em que a obra foi escrita.E mesmo a tradução sendo muita boa a obra original deve ser mesmo mais completa.Vou ir dar uma lida e ver o que acho.

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  11. Boa noite. Eu gostei muito da tradução de Aurélio de Lacerda. O mesmo, mescla elementos de comum entendimento com língua culta, ao mesmo tempo mantendo o elemento sombrio de Poe.

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  12. Conheço o poema o Corvo e tudo que você disse reflete na integra Raven. Parabéns pelo comentário!

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  13. Para mim a melhor tradução de O Corvo foi feita por Milton Amado!


    O Corvo, de Edgar Allan Poe (tradução de Milton Amado)

    Foi uma vez: eu refletia, à meia-noite erma e sombria,
    A ler doutrinas de outro tempo em curiosíssimos manuais,
    E, exausto, quase adormecido, ouvi de súbito um ruído,
    Tal qual se houvesse alguém batido à minha porta, devagar.
    “É alguém, fiquei a murmurar, que bate à porta, devagar;
    Sim, é só isso e nada mais.”

    Ah! claramente eu o relembro! Era no gélido dezembro
    E o fogo, agônico, animava o chão de sombras fantasmais.
    Ansiando ver a noite finda, em vão, a ler, buscava ainda
    Algum remédio à amarga, infinda, atroz saudade de Lenora
    Essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora
    E nome aqui já não tem mais.

    A seda rubra da cortina arfava em lúgubre surdina,
    Arrepiando-me e evocando ignotos medos sepulcrais.
    De susto, em pávida arritmia, o coração veloz batia
    E a sossegá-lo eu repetia: “É um visitante e pede abrigo.
    Chegando tarde, algum amigo está a bater e pede abrigo.
    É apenas isso e nada mais.”

    Ergui-me após e, calmo enfim, sem hesitar, falei assim:
    “Perdoai, senhora, ou meu senhor, se há muito aí fora me esperais;
    Mas é que estava adormecido e foi tão débil o batido,
    Que eu mal podia ter ouvido alguém chamar à minha porta,
    Assim de leve, em hora morta.” Escancarei então a porta:
    Escuridão, e nada mais.

    Sondei a noite erma e tranquila, olhei-a a fundo, a perquiri-la,
    Sonhando sonhos que ninguém, ninguém ousou sonhar iguais.
    Estarrecido de ânsia e medo, ante o negror imoto e quedo,
    Só um nome ouvi (quase em segredo eu o dizia) e foi: “Lenora!”
    E o eco, em voz evocadora, o repetiu também: “Lenora!”
    Depois, silêncio e nada mais.

    Com a alma em febre, eu novamente entrei no quarto e, de repente,
    Mais forte, o ruído recomeça e repercute nos vitrais.
    “É na janela”, penso então. “Por que agitar-me de aflição?
    Conserva a calma, coração! É na janela, onde, agourento,
    O vento sopra. É só do vento esse rumor surdo e agourento.
    É o vento só e nada mais.”

    Abro a janela e eis que, em tumulto, a esvoaçar, penetra um vulto:
    É um Corvo hierático e soberbo, egresso de eras ancestrais.
    Como um fidalgo passa, augusto e, sem notar sequer meu susto,
    Adeja e pousa sobre o busto, uma escultura de Minerva,
    Bem sobre a porta; e se conserva ali, no busto de Minerva,
    Empoleirado e nada mais.

    Ao ver da ave austera e escura a soleníssima figura,
    Desperta em mim um leve riso, a distrair-me de meus ais.
    “Sem crista embora, ó Corvo antigo e singular”, então lhe digo
    “Não tens pavor. Fala comigo, alma da noite, espectro torvo!”
    Qual é teu nome, ó nobre Corvo, o nome teu no inferno torvo!”
    E o Corvo disse: “Nunca mais.”

    Maravilhou-me que falasse uma ave rude dessa classe,
    Misteriosa esfinge negra, a retorquir-me em termos tais;
    Pois nunca soube de vivente algum, outrora ou no presente,
    Que igual surpresa experimente: a de encontrar, em sua porta,
    Uma ave (ou fera, pouco importa), empoleirada em sua porta
    E que se chame “Nunca mais”.

    Diversa coisa não dizia, ali pousada, a ave sombria,
    Com a alma inteira a se espelhar naquelas sílabas fatais.
    Murmuro, então, vendo-a serena e sem mover uma só pena,
    Enquanto a mágoa me envenena: “Amigos? sempre vão-se embora.
    Como a esperança, ao vir a aurora, ele também há de ir-se embora.”
    E disse o Corvo: “Nunca mais.”

    Vara o silêncio, com tal nexo, essa resposta que, perplexo,
    Julgo: “É só isso o que ele diz; duas palavras sempre iguais.
    Soube-as de um dono a quem tortura uma implacável desventura
    E a quem, repleto de amargura, apenas resta um ritornelo
    De seu cantar; do morto anelo, um epitáfio: o ritornelo
    De “Nunca, nunca, nunca mais”.

    Como ainda o Corvo me mudasse em um sorriso a triste face,
    Girei então numa poltrona, em frente ao busto, à ave, aos umbrais
    E, mergulhado no coxim, pus-me a inquirir (pois, para mim,
    Visava a algum secreto fim) que pretendia o antigo Corvo,
    Com que intenções, horrendo, torvo, esse ominoso e antigo Corvo
    Grasnava sempre: “Nunca mais.” ....

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